Bárbara Dantas
* Se precisar citar, tê-lo como referência, seguir:
DANTAS, Bárbara. O complexo jesuítico de Reis Magos e a ação educativa, segundo os jesuítas (Ratio Studiorum). ANAIS do Colóquio Internacional Diversidade das Culturas. Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 13 e 14 de novembro de 2024. In: ARRAIS, Cristiano Alencar; et al (org.). Povos originários e movimentos sociais no século XXI: culturas e memórias em disputa. Vitória - ES: Antíteses, 2024, pp. 725-741. Disponível em: https://linktr.ee/xiiicidc e em https://www.barbaradantas.com/post/o-complexo-jesu%C3%ADtico-de-reis-magos-e-as-a%C3%A7%C3%B5es-educativas-segundo-os-jesu%C3%ADtas-ratio-studiorum
RESUMO: Há um particular interesse pela prática educativa levada a cabo pelos jesuítas no Brasil, cuja versão na Capitania do Espírito Santo se coadunava com premissas maiores, vindas de Roma, e que remontavam à criação da Companhia de Jesus, época na qual santo Inácio de Loyola escreveu várias cartas que tinham como objetivo sistematizar ações educativas dos jesuítas. Tais cartas foram reunidas por dois jesuítas e publicadas no ano de 1599, com o título de Ratio Studiorum: a teoria educacional e filosófica jesuítica, alicerçada na fé católica, que sustentou as dinâmicas de conversão e catequização das populações nativas, além de orientar as concepções espirituais e morais. Este trabalho associa as normativas educacionais implementadas pelos jesuítas que chegaram ao Brasil a partir de meados do séculos XVI com as propostas atuais para Ações Educativas no Complexo Jesuítico de Reis Magos, em Nova Almeida, Serra - reformado e entregue ao público no ano de 2024.
PALAVRAS-CHAVE: Igreja de Reis Magos; Jesuitas; Ações Educativas; Ratio Studiorum.
ABSTRACT: There is particular interest in the educational practices carried out by the Jesuits in Brazil, whose version in the Captaincy of Espírito Santo was in line with larger premises, coming from Rome, and which dated back to the creation of the Society of Jesus, a time when Saint Ignatius of Loyola wrote several letters that aimed to systematize the educational actions of the Jesuits. These letters were collected by two Jesuits and published in 1599, under the title Ratio Studiorum: the Jesuit educational and philosophical theory, based on the Catholic faith, which supported the dynamics of conversion and catechization of the native populations, in addition to guiding spiritual and moral concepts. This work associates the educational regulations implemented by the Jesuits who arrived in Brazil from the mid-16th century with the current proposals for Educational Actions at the Jesuit Complex of Reis Magos, in Nova Almeida, Serra - renovated and returned to the public in 2024.
KEYWORDS: Church of Reis Magos; Jesuits; Educational Actions; Ratio Studiorum.
RESUMEN: Hay un interés particular en la práctica educativa realizada por los jesuitas en Brasil, cuya versión en la Capitanía de Espírito Santo estaba en línea con premisas mayores, provenientes de Roma, y que se remontaban a la creación de la Compañía de Jesús, época en la que San Ignacio de Loyola escribió varias cartas que pretendían sistematizar la acción educativa de los jesuitas. Estas cartas fueron recopiladas por dos jesuitas y publicadas en 1599, bajo el título Ratio Studiorum: la teoría educativa y filosófica jesuita, basada en la fe católica, que apoyó la dinámica de conversión y catequización de las poblaciones nativas, además de orientar las concepciones espiritual y moral. Este trabajo asocia las normativas educativas implementadas por los jesuitas que llegaron a Brasil a partir de mediados del siglo XVI con las propuestas actuales de Acciones Educativas en el Complejo Jesuita de Reis Magos, en Nova Almeida, Serra - renovado y abierto al público en 2024.
PALABRAS CLAVE: Iglesia de los Reyes Magos; Jesuitas; Acciones Educativas; Ratio Studiorum.
INTRODUÇÃO: ALGUMAS REFLEXÕES
A história do Espírito Santo remonta a um tempo anterior ao da chegada dos colonizadores portugueses. Os povos nativos do território possuíam tradições passadas entre gerações que definiam as relações com o mundo, com o próximo e com si mesmo; na memória coletiva e nas práticas cotidianas (CARVALHO, 2019).
A história dos jesuítas, por sua vez, também não se restringe ao século XVI, durante o qual, no ano de 1540, a Companhia de Jesus foi fundada por um grupo de jovens devotos liderado por santo Inácio de Loyola (1491-1556) e sob a bênção papal. Nessa época, a Igreja Católica Apostólica Romana acumulava cerca de 1.500 anos, formando uma das instituições mais longevas que o mundo já viu. Com sua hierarquia, organização, regras, filosofia, liturgia etc., tal bagagem originou e culminou, no raiar da Modernidade, na ordem religiosa dos inacianos, mais conhecidos como jesuítas, que se espalharam mundo afora para levar a Palavra de Deus a todos os povos. Entre suas propostas de vida estavam: a teologia, ao mesmo tempo, severa e mística; o ideal apostólico de conversão e de catequização; a abnegação de si em favor do próximo; a afeição pelo conhecimento, menor apenas que a inabalável fé na Proteção em Maria e na Salvação em Cristo (HUPP; LUIZ, 2021, p. 699).
Mas, por que os jesuítas existiram? E por que correram o mundo para converter e catequizar, chegando, inclusive ao Espírito Santo?
Segundo o historiador da arte austríaco Ernst Gombrich (1972, p. 125-154), ainda na Idade Média, a Igreja Católica Romana enfrentou diversas crises. Por isso, ela teve de reinventar a si mesma, tentando minimizar suas falhas e enaltecer suas virtudes. Para Gombrich, no século XII o Catolicismo era uma “Igreja Militante”, pois tomara para si os corações de imperadores e de povos inteiros para criar o que conhecemos como a Cristandade. Ainda para o historiador, no século XIII, a religião com sede em Roma se torna a “Igreja Triunfante”, tendo em vista que colheu os frutos de seu poder espiritual e temporal construindo catedrais cada vez maiores, produzindo uma filosofia que se tornou histórica, acolhendo os pobres, indefesos e desvalidos, além de nutrir um regime de estudos que se mantém até os dias de hoje em nossas escolas e universidades.
Porém, não foi tarefa fácil. Submissa à falibilidade inerente aos seres humanos, por vezes, a Igreja correu sérios riscos. Por essa razão, alguns “exércitos” foram criados para protegê-la. A exemplos dos monges que, desde o século VI, tornaram-se os soldados de Deus, cuja arma era a oração e o trabalho manual – baseado no ora et labora, de são Bento (480-547), criador da Ordem Beneditina. Em seguida, podemos citar a atuação dos efetivos soldados, a Ordem dos Cavaleiros Templários que, entre os séculos XII e XIV, protegeram os peregrinos e a riqueza dos maiores reinos da Europa Ocidental, além de se destacarem nas Cruzadas. Ainda no século XIII, momento de aumento da população, da prosperidade e, consequentemente, dos vícios e das heresias, a Ordem de Frades Pregadores surgiu para levar os exempla – sermões feitos a partir do exemplo de vidas dos santos – aos fiéis, com o fim de, por um lado, diminuir a descrença e os pecados e, por outro, aumentar a prática das virtudes cristãs entre os fiéis. Entre esses, destacam-se os Dominicanos e os Franciscanos, ordens religiosas que ainda existem e possuem milhares de membros (FRANCO JR., 2004, p. 67-82).
No século XIV, em meio à cada vez maior racionalização e laicização do mundo, a Peste Negra grassou a vida de um terço da população europeia; parecia o Fim dos Tempos. Assim, as instituições e pessoas sobreviventes, bem como as gerações futuras, cultivaram durante séculos um olhar temeroso em relação ao bem-estar da humanidade e, sobretudo, frente às imposições da natureza, ainda mais temida que compreendida. Criou-se uma mística que se perpetuou nos séculos seguintes e em todos os locais onde houvesse religiosos católicos. Essa concepção religiosa favorecia a necessidade de identificar a religião como o único meio de suportar as mazelas do mundo e de alcançar, após a morte, a paz eterna, na Jerusalém Celeste, que é o Paraíso. Aos descrentes, no post mortem, segundo os dogmas católicos, o que restava era o sofrimento terreno e o tormento sem fim do inferno (GOMBRICH, 1972, p. 155-167).
Nas duas centúrias seguintes, entre os séculos XV e XVI, o Renascimento - que não se restringiu aos italianos - iniciou um processo de valorização das coisas mundanas (do mundo) em detrimento dos valores espirituais, incentivados pela Igreja, mas pouco fundamentado pelo exemplo, pois, uma vez mais, os religiosos se entregavam a práticas pouco cristãs, como a Simonia - vender favores divinos, bençãos, cargos eclesiásticos e relíquias sagradas. O culminar de mais uma crise que ocorria no interior da Igreja Católica Romana ocorreu com o maior cisma que a igreja já sofrera, a Reforma Protestante, iniciada em 1519 pelo religioso alemão Martinho Lutero (1483-1546) (GOMBRICH, 1972, p. 277-300).
Roma precisava agir, e rápido. Por isso, convocou o Concílio de Trento que, entre os anos de 1545 e 1563, reuniu-se para estabelecer os parâmetros do que chamaram de Contrarreforma, ou seja, uma série de regras para combater e minimizar os danos causados pela criação das crenças cristãs protestantes. Porém, cabe destacar que a Contrarreforma não se dedicou apenas a combater a Reforma Luterana, tendo em vista que a própria Igreja pensava que era hora de renovar-se em diversos aspectos da sua organização e dogma (HUPP; LUIZ, 021, p. 710).
Foi em tal contexto, duas décadas após a rebelião de Lutero e cinco anos antes dos trabalhos trentinos, que a Companhia de Jesus surgiu como a junção de todas as premissas das ordens e dogmas católicos criados anteriormente. Esse viés ecumênico/religioso se uniu a outro importante fenômeno histórico que se desenvolvia naquela mesma época, as Grandes Navegações, inauguradas pelos navegantes portugueses (BALESTRERO, 1979).
Ora, se a Europa estava tomada por fiéis protestantes, então, a Contrarreforma e a Companhia de Jesus tomaram para si a tarefa de levar a crença católica para todas as partes do mundo, a bordo das naus e caravelas portuguesas e castelhanas. Assim, antes do complicado século XVI terminar, a Capitania do Espírito Santo se juntou a centenas de outros lugares ao redor do mundo como nova morada de abnegados jesuítas, que só possuíam como bens a ciência, a fé e a Bíblia (HUPP; LUIZ, 021, p. 708).
ARQUITETURA E PINTURA: DIÁLOGOS E FUNÇÕES
A importância arquitetônica e artística dos santuários como meio de expressão religiosa do Cristianismo chegou ao Brasil com os europeus. Hilário Franco Jr. (2004, p. 182) destaca que a Cristandade foi o primeiro fator de união entre os povos da Europa: “Cristandade: o conjunto dos territórios cristãos do Ocidente europeu”.
Carlo Ginzburg (2007, p. 258), por sua vez, recordou a proposta do historiador francês Pierre Chaunu para a análise das sociedades modernas: observar a continuidade entre a “cristandade latina” e a “Europa ocidental”. É como se o proselitismo religioso, tão comum aos cristãos, adquirisse novas frentes de ação - arte, política etc. - tornando o Cristianismo tanto um influenciador social quanto um aliado dos governos.
Na relação entre Arte e Cristianismo, em um universo onde a imagem dizia quase tudo, o Barroco como arte religiosa e estatal manteve seu domínio entre os séculos XVI e XVIII. No tocante ao Barroco português, costumamos associá-lo à religião católica e à disseminação de santuários barrocos por toda América portuguesa, pois, desde fins do século XVI, o barroco colonial promoveu uma síntese entre religiosidade, arquitetura e arte. No Brasil, afirmou Luiz Mott (2018, p. 123): “A religiosidade popular, ao gosto do barroco, externava-se mediante manifestações marcadas por forte emoção”. Os jesuítas lideraram a construção de santuários na América portuguesa, ainda no final do século XVI. Junto com as atividades de conquista de novas áreas e de aldeamento de grupos étnicos nativos, eles participaram da fundação de núcleos de colonização/catequização que colaboraram para a expansão colonial do Brasil, até meados do século XVIII.
Logo, é necessário refletir sobre os principais componentes visuais que o Complexo Jesuítico de Reis Magos, localizado em Nova Almeida, município de Serra, e o Santuário Nacional São José de Anchieta, oferecem ao público. Tais elementos são a arquitetura e a pintura. Essa reflexão relaciona-se com a apreensão pelos sentidos, especialmente, pela visão (BAXANDALL, 2006, p. 156). Esse é o meio a partir do qual o público visitante assimila as informações que o ambiente arquitetônico e a pintura representam. Mas, para que o sentido de cada componente do ambiente seja devidamente absorvido, busca-se conduzir o olhar que sobre eles recaem, um olhar submetido à curiosidade, à estupefação e ao sentimento (MOTT, 2018, p. 124) - em conformidade com os fundamentos do discurso catequizante dos jesuítas.
Em primeiro lugar, o maior atributo do Complexo Jesuítico de Reis Magos e do Santuário Nacional São José de Anchieta é a arquitetura (ver IMAGEM 1), cuja força possui várias conotações, que podem, e devem, ser exploradas. Enfatizar, por exemplo, o símbolo de poder que a construção representa (GINZBURG, 2007, p. 128). Um poder que veio da fé em Deus, crença a tal ponto fortalecedora que motivou religiosos e indígenas conversos à construção e paulatina renovação do santuário.
Elevar, segundo a crença de que grande parte das religiões considera o alto –materializado como o céu – a morada das divindades. Para o Cristianismo, especialmente, o verbo elevar significa direcionar o olhar ao Paraíso, à Jerusalém Celeste, pois lá se encontram Deus, o Cristo, a Virgem Maria, além dos santos. São a eles que, olhando com humildade para o alto, os fiéis suplicam por perdão ou agradecem as graças concedidas. Ou seja, o verbo elevar tem um viés teológico - abordado por centenas de filósofos e teólogos, a exemplo do romano Cícero (106-43 a.C.) (2006), na Antiguidade; e passando por Agostinho (354-430) (2012) e Tomás de Aquino (1225-1274), respectivamente, bispo e dominicano da Idade Média, e chegando aos nossos dias - e outro viés arquitetônico, sendo que o primeiro conduz o segundo.
IMAGEM 1: à esquerda, o Complexo Jesuítico de Reis Magos (1580-1615), Nova Almeida – ES; à direita, o Santuário Nacional São José de Anchieta (1579) – ES

FONTES: Arquivo pessoal / SANTUÁRIO (2024.
Segundo Maurício Puls, no livro Arquitetura e Filosofia (2006, p. 175-208), é imperativo que a igreja cristã seja, ao mesmo tempo, funcional, bela e simbolize o poder de Deus. O santuário, de modo geral, representa o Corpo da Igreja, como materialização da relação estreita entre o terrestre e o celeste; por isso, cada parte dele e dos recintos anexos possuem um valor, um significado religioso, que vai muito além de sua função como construção erigida para abrigar pessoas e suas instituições pessoais e públicas.
As mais fortes e longevas ligações da arquitetura do santuário com a Bíblia e outras doutrinas do catolicismo estão presentes nos escritos do bispo Isidoro de Sevilha (560-636) (1985), cujas Etimologias (600-625) definiram os princípios da arquitetura religiosa e suas partes.
No século seguinte, Rabanus Maurus (780-856) acrescentou às classificações de Isidoro leituras simbólicas, cujo objetivo era, segundo ele próprio lembrou: “para que o leitor diligente possa encontrar, reunidos nesta obra, tanto a sua natureza particular, segundo a história, como o seu significado espiritual, segundo a compreensão mística” [tradução nossa]. Entre suas concepções, associa-se ao Complexo Jesuítico de Reis e ao Santuário Nacional São José de Anchieta a ideia da igreja como a Cidade de Deus - recuperando a Civitas Dei, de Agostinho -, composta por “uma multitude de pessoas unidas pelo vínculo da comunidade” [tradução nossa]. A igreja como o “bom caminho” [tradução nossa], pois é a casa da alma fiel. Em relação às partes que formam a igreja, a fundação significa a obra dos profetas e dos apóstolos; a altura é a esperança; as paredes simbolizam “a reunião de pessoas justas” [tradução nossa]; o pavimento – ou chão - é a humildade; o comprimento se associa à paciência frente às adversidades; e a largura indica a caridade (VALDEZ DEL ÁLAMO, 2016, p. 379-382).
O Complexo Jesuítico de Reis Magos e o Santuário Nacional São José de Anchieta são também um exemplo do poder estético da arquitetura. Pierre Francastel (1973, p. 3) advertiu que alguns historiadores da Arte não veem com bons olhos a arquitetura como uma “arte de construir”. Mas, o teórico defende-a como setor que abarca “uma das atividades mais universais e determinantes do homem”, pois as construções “preenchem uma função permanente e coercitiva que age mesmo sobre aqueles que mais as ignoram”.
Em relação à pintura, a arquitetura é o seu suporte, seja quando ela própria é pintada com as cores que alegram ou confortam o olhar, seja quando se transforma em plataforma de repouso de iconografia que possui o objetivo de informar pela imagem. Especificamente em relação ao Complexo Jesuítico de Reis Magos, o seu segundo maior bem é a pintura que faz parte do retábulo do altar. Ela própria homenageia a arquitetura, sua protetora, tendo em vista que elementos arquitetônicos envolvem o quadro, trazendo para a pintura a mesma conotação espiritual que a arquitetura do santuário possui (PRESSOUYRE, 1991, p. 250). Quanto mais nobre a figura, mais bela é a representação de elementos arquitetônicos em pinturas, pois eles têm como função principal iconográfica demonstrar a importância do tema e dos personagens (MANGUEL, 2001).
No tocante às figuras, é plausível enfatizar o caráter de palco teatral que se nota, a encenação - já tantas vezes realizadas - de um momento crucial para a religião católica, o nascimento de Jesus e sua comemoração por todos os povos, representados pelos reis magos. As encenações teatrais em dias comemorativos do calendário cristão foram essenciais para os jesuítas na Capitania do Espírito Santo (SILVA, 2015). Se a linguagem falada entre eles e os naturais da terra ainda estava em construção e, por isso, tinha seus limites, a linguagem corporal imersa em sentimento religioso, além da rica ornamentação das vestes dos personagens e do cenário pictórico, conduziam a plateia à emoção e à apreensão que iam além da estética, pois mostrava a beleza da crença cristã, segundo a promessa de proteção, salvação e paz (ANTONIO, 2016).
De fato, Pierre Francastel (1973, p. 215), ao analisar a pintura renascentista italiana - contemporânea e inspiração estilística do quadro A Adoração dos Reis Magos do retábulo -, no livro A realidade figurativa, enfatiza a relação intrínseca entre pintura, teatro e texto. Talvez os primeiros quadros vistos nas construções jesuíticas tenham sido os do Ir. Belchior Paulo (1554-1619), que veio ao Brasil logo após a morte de Anchieta exatamente para ornar os templos e facilitar o trabalho de conversão e catequese utilizando a força cognitiva das imagens pictóricas (ANTONIO, 2016).
A pintura A Adoração dos Reis Magos (ver IMAGEM 2) indica ser a expressão figurativa dos sermões do padre José de Anchieta (1534-1597) e outros jesuítas. Assim como a arquitetura e a pintura do Complexo Jesuítico de Reis Magos e do Santuário Nacional São José de Anchieta, os sermões dos jesuítas usavam a metáfora como meio de associar experiências e componentes que permeiam a vida da humanidade no mundo com princípios religiosos fundamentais aos enaltecimento do poder divino e de uma vida imersa mais nas virtudes que nos vícios – para os católicos daquela época, os pecados do sexo, da embriaguez e outros eram os vícios, e as virtudes eram as qualidades associadas à bondade e à simplicidade (HUPP; LUIZ, 2021, p. 699-701).
IMAGEM 2: à esquerda, o altar - retábulo (c. 1701) + quadro (c. 1598) da Igreja de Reis Magos

FONTE: Arquivo pessoal.
A pintura do Ir. Belchior Paulo foi o primeiro passo para volver o olhar do crente e do converso ao alto e, assim, elevar sua alma e sentimentos para um mundo mais brando, misericordioso e superior às atribulações de suas vidas.
A AÇÃO EDUCATIVA, SEGUNDO OS JESUÍTAS (RATIO STUDIORUM)
A melhor forma de apreendermos como foram aqueles primeiros contatos entre o europeu jesuíta e o nativo do Brasil é analisar a ideia que se tinha à época do que era a “civilização”, de quem era “civilizado”, termo que, hoje, é usado com muita cautela. As categorias de distinção entre os povos associavam-se ao olhar do europeu “condicionado por filtros de caráter cultural” produzido pelo estranhamento diante do “selvagem, da criança, ou até mesmo do animal: seres estranhos às convenções do viver civilizado”, recorda Carlo Ginzburg (2007, p. 100).
Para se tornar uma pessoa boa, ou seja, útil socialmente, era necessário “civilizar-se”. Para isso, o indivíduo percorria um longo processo, cujo fim só ocorria quando ele interiorizava as regras da nova sociedade. Para ser “civilizado” o nativo aprendia o que Roger Chartier (2001, p. 19) definiu como “os mecanismos de autocontrole individual que caracterizam o homem ocidental da idade moderna”.
A integração social e civilizadora do nativo se condicionava à plena incorporação da religião católica. Na junção entre Estado e Igreja, característica do Império português ultramarino, as regras da sociedade “civilizada” eram as mesmas para o conjunto dos cristãos, afinal, não era “civilizado” quem não era cristão, e vice-versa. Logo, o nativo “civilizado” aceitava a sua condição de súdito do rei e de servo de Deus.
Os jesuítas foram reconhecidos como os defensores dos povos autóctones, como revela a inglesa Maria Graham (1785-1842) (2021, p. 45) que, no início do século XIX, escreveu em seu Diário uma breve história do Brasil: “Os jesuítas haviam empreendido a defesa dos índios e tentado por todos os meios restringir a prática de escravizá-los, ou mitigar a sorte dos que já estavam escravizados”. Em meio às disputas territoriais entre nativos e colonizadores, os jesuítas se tornaram uma ordem religiosa poderosa por meio da evangelização e do aldeamento dos indígenas.
As atividades jesuíticas geram discussões entre os especialistas até hoje, pois muitos defendem que eles não escravizaram os índios, mas os submeteram à servidão e à aculturação. Porém, não podemos esquecer que os próprios jesuítas absorveram muito da cultura dos indígenas aldeados e daqueles que pretendiam converter. Exemplo disso é a criação de uma língua comum (FURTADO, 2020).
Nos lugares colonizados pelos europeus, os jesuítas criaram comunidades que deviam obediência aos seus superiores e provinciais, além do Geral da Ordem. A exemplo dos aldeamentos da Capitania do Espírito Santo, as comunidades jesuíticas acumularam poder econômico e político (SILVA, 2015). Talvez, por isso mesmo, envolveram-se em disputas políticas e logo sobreveio a campanha do marquês de Pombal (1699-1782) para que fossem expulsos de todos os domínios portugueses, o que ocorreu a partir de 1759.
Porém, o legado dos jesuítas permaneceu; inclusive, a própria Ordem possui hoje mais de vinte mil membros espalhados pelo mundo, sob os auspícios do Papa Francisco, o primeiro jesuíta a chegar ao papado (SANTUÁRIO, 2024).
Há um particular interesse pela prática educativa levada a cabo pelos jesuítas no Brasil, cuja versão na Capitania do Espírito Santo se coadunava com premissas maiores, vindas de Roma, e que remontavam à criação da Companhia de Jesus, época na qual santo Inácio de Loyola escreveu várias cartas que tinham como objetivo sistematizar ações educativas dos jesuítas. Tais cartas foram reunidas por inacianos e publicadas no ano de 1599, com o título de Ratio Studiorum: a teoria educacional e filosófica jesuítica, alicerçada na fé católica, que sustentou as dinâmicas de conversão e catequização das populações nativas, além de orientar as concepções espirituais e morais dos seus membros (HUPP; LUIZ, 2021, p. 701).
Uma das mais relevantes passagens, a Regra 2 das Regras dos escolásticos na nossa companhia, enaltece os estudos:
Aliança das virtudes sólidas com o estudo: Apliquem-se aos estudos com seriedade e constância; e como se devem acautelar para que o fervor dos estudos não arrefeça o amor das virtudes sólidas e da vida religiosa, assim também se devem persuadir que, nos colégios, não poderão fazer cousa mais agradável a Deus do que, com a intenção que se disse acima, aplicar-se diligentemente aos estudos; e ainda que não cheguem nunca a exercitar o que aprenderam, tenham por certo que o trabalho de estudar, empreendido, como é de razão, por obediência e caridade, é de grande merecimento na presença da divina e soberana majestade (apud HUPP; LUIZ, 2021, p. 702).
Na pedagogia jesuítica, a instrução e a educação se uniam em um laço religioso, cujo ensino era utilizado para promover a religião. Como indica a Regra 1 das Regras do provincial na nossa companhia:
Objetivo dos estudos na Companhia: Como um dos ministérios mais importantes da nossa Companhia é ensinar ao próximo todas as disciplinas convenientes ao nosso Instituto, de modo a levá-lo ao conhecimento e amor do Criador e Redentor nosso, tenha o Provincial como dever seu zelar com todo empenho para que aos nossos esforços tão multiformes no campo escolar corresponda plenamente o fruto que exige a graça da nossa vocação (apud HUPP; LUIZ, 2021, p. 703).
O Ratio Studiorum propõe que o homem precisa purificar-se, perfectio em uma vida exemplar que desenvolve as virtudes e a instrução como meios de servir a Deus, salvando almas. A ajuda ao próximo é o objetivo para o qual foram criados. O programa educacional jesuítico se baseava no Evangelho de Jesus Cristo, logo, era de caráter piedoso. Ser útil era integrar elementos tradicionais a uma política expansionista, o que incentivava novas necessidades intelectuais, mas gerava conflitos políticos e econômicos. No Ratio Studiorum a educação salva almas, molda pessoas, tornando-as cristãs por meio de exercícios espirituais que desenvolvem a virtude do auxílio (HUPP; LUIZ, 2021).
Por intermédio da ação missionária, o jesuíta procurava converter à fé católica os povos das regiões colonizadas. A Companhia de Jesus encontrou em Portugal um pensamento religioso que fundamentava todas as ações humanas: filosóficas ou políticas, artísticas ou econômicas. A Igreja Católica Apostólica Romana e a Coroa portuguesa formaram uma aliança, na qual os jesuítas começaram a atuar ainda em 1540, ano em que ganharam propriedades no reino e trabalharam na área de educação, como na Universidade de Coimbra, cidade na qual, dois anos depois, fundaram o Colégio de Jesus para instruir membros da Ordem (HUPP; LUIZ, 2021, p. 710).
A aliança entre Portugal e a Santa Sé foi profícua. Mesmo sendo súditos do rei, os portugueses se consideravam, antes de tudo, católicos. Ou seja, a religiosidade ajudou a expansão marítima na efetivação da missão estatal de colonização e da missão jesuítica de catequização. Foi um projeto de ocupação e transformação social com ações na cultura e na espiritualidade dos nativos. Para se aproximarem dos indígenas, os jesuítas usaram a música e os instrumentos musicais indígenas, além do teatro e pintura (HUPP; LUIZ, 2021, p. 703).
Resultados efetivos são visíveis em cartas, como revela o extrato a seguir:
[...] verdade é que nos oferecem grande consolação alguns homens e mulheres, com a boa vida que levam, empregando o dia a trabalharem toda a semana (o que dantes só as mulheres faziam) e abstendo-se, aos domingos, tanto ou mais do que nós a trabalhos servis (apud HUPP; LUIZ, 2021, p. 707).
Outra carta mostra o esforço para levar o Evangelho às cercanias:
[...] às segundas e terças-feiras, visito três ou quatro aldeias, às quartas e quintas, aldeias mais distantes e às sextas-feiras volto à cidade para fazer a exortação a uma companhia de disciplinantes cuja devoção tem aumentado muito, pela graça de Deus (apud HUPP; LUIZ, 2021, p. 708).
Por fim, um relato de felicidade:
[...] parece-me que muito cedo me porei a ensinar [...] está já a gente dessa terra, e os gentios pacificados, desejosos de mandar seus filhos a aprenderem: quererá Nosso Senhor que se aproveitaram assim no ler e escrever como nos bons costumes (apud HUPP; LUIZ, 2021, p. 708).
A CASA DE DEUS COMO A CASA DE TODOS: PROPOSTA DE CONCEITOS E DISCURSO
Segurança e felicidade, esses são os maiores desejos do ser humano. Independentemente da localização geográfica ou temporal, da cultura, da religião e da organização sociopolítica, a humanidade, de modo geral, anseia conquistar uma vida segura e feliz. Muitos artistas, escritores, filósofos e até historiadores estudaram as várias formas pelas quais diferentes grupos se uniram ou lutaram em busca da necessária segurança, que é o primeiro caminho para alcançar a felicidade. Entre eles, destaca-se Jean-Jacques Rousseau (1712-1778).
No Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, premiado e publicado em 1755, na França, o filósofo genebrino tentou recriar um período em que todas as pessoas eram iguais em gênero, riqueza e poder. Um tempo em que tudo era partilhado entre as pessoas, animais e natureza; logo, não havia destruição, mas sempre uma renovação, presente até frente à morte. Tal concepção de mundo nos é tão estranha que sua teoria foi nomeada como uma utopia (ROUSSEAU, 2010).
Rousseau (2010) continuou suas reflexões seguindo o andar dos tempos. Para ele, em um segundo momento, perdido nas sombras do passado, devido ao gradativo aumento das populações, certa ordenação social se fez necessária, impulsionando os seres humanos a se reunirem em comunidades para se protegerem mutuamente contra os flagelos da fome, das doenças e das discórdias, que já se adivinhavam. Posteriormente, já em uma terceira fase que se estende até nossos dias, foram tais necessidades que impulsionaram as mesmas comunidades a escolherem líderes, com o objetivo de criar regras sociais, reger as tarefas laborais e liderar seu grupo contra o maior mal que o homem já produziu: a guerra de conquista.
As reflexões de Rousseau, mesmo que sejam consideradas utópicas, expressam sentimentos muito reais, pois, antes de buscar a felicidade, é necessário obter segurança em um sistema social confiável, mesmo que em prol de certa ou total perda da anterior liberdade em meio à natureza (DANTAS, 2019, p. 120). Obtida a proteção contra os males do mundo, pode-se, enfim, buscar a tão sonhada felicidade, que não tem uma face, tendo em vista que é alcançada de diferentes formas, a depender da conjuntura e da cultura.
Quando pensamos sobre o encontro dos povos nativos da América com os jesuítas nas terras litorâneas onde se constituiu a Capitania do Espírito Santo, lá no longínquo século XVI, devemos nos afastar da ideia do tal “choque de civilizações” e nos aproximar de um panorama no qual se desenrolou o encontro de duas culturas que, cada uma de seu jeito, tentavam se proteger dos males do mundo e buscavam encontrar a felicidade. O que nos leva a pensar dessa forma é a defesa do historiador francês, Michel de Certeau (2014, p. 38-43) de que, na época da expansão europeia pelos mares, conhecida como das Grandes Navegações, nem toda conquista foi levada a cabo sob ferro e fogo e, o mais importante, os nativos de nenhuma parte do planeta eram seres sem cultura, sem organização social e, muito menos, afeitos de forma submissa à servidão ou à escravidão.
As proposições a respeito das ligações entre os primeiros jesuítas que chegaram ao Espírito Santo com os nativos da terra devem partir da premissa de que, na busca por segurança e felicidade, os dois grupos se uniram e criaram comunidades de ajuda mútua, nas quais a segurança e a felicidade imperaram como o elo que os uniu, uma linguagem universal partilhada por eles e transformada em aldeia, igreja e comunidade, a exemplo do Complexo Jesuítico de Reis Magos e do Santuário Nacional São José de Anchieta.
Nesse encontro, as comunidades indígenas materializaram a utopia de Rousseau do primeiro e segundo momentos. Já os jesuítas representavam o final do segundo período, em que lutavam contra as discórdias, especialmente, no que concerne ao impacto da Reforma Protestante sobre a Religião Católica. No âmago das proposições da Companhia de Jesus, os jesuítas se opuseram tanto à via da escravidão quanto ao viés do domínio territorial por meio da violência (BALESTRERO, 1979).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No “mundo ideal” criado pelos jesuítas na forma do aldeamento dos nativos, as únicas armas permitidas eram as Palavras de Deus e o acolhimento apostólico; também não existiram muros que impedissem a saída ou a entrada de quem quer que fosse, afinal, A Casa de Deus é a Casa de Todos.
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