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O portal e a rosácea no Louvor 1 das Cantigas de Santa Maria de Afonso X (século XIII)

  • Foto do escritor: Autora | Bárbara Dantas
    Autora | Bárbara Dantas
  • 29 de jun.
  • 25 min de leitura

* Se precisar citar, tê-lo como referência, seguir: 


Resumo: As Cantigas de Santa Maria, além de sua característica mais óbvia, a homenagem do Rei Afonso X à Virgem Maria por meio de centenas de louvores, relatos de milagres e suas imagens correspondentes – em particular, mais de quatrocentas iluminuras historiadas de página inteira –, são para nós, historiadores da arte, um resumo da vida medieval, não apenas nos reinos de Leão e Castela, governados pelo Rei Sábio na segunda metade do século XIII, mas em toda a Europa e seus arredores. Um exemplo disso é encontrado já no início do compêndio Alfonsino, no Louvor 1, visto que sua 2ª estrofe, bem como a vinheta 2 da iluminura, narram um evento importante ocorrido em Belém: o nascimento de Jesus. Com foco nesta estrofe e vinheta — mas sem perder de vista o tema principal do louvor à Virgem, seus sete momentos de extrema felicidade, ou "goyos" em galego —, este artigo correlaciona os textos bíblicos com os temas abordados no Louvor 1 das Cantigas; também correlaciona religião e arquitetura, bondade e beleza, bem como santidade e perfeição da forma. Mergulhemos no universo religioso subjacente à criação do portal gótico e da rosácea, tal como idealizados por Afonso X e suas Cantigas de Santa Maria.

Palavras-chave: Afonso X – Cantigas de Santa Maria − Virgem Maria − Arquitetura.


Abstract: The Cantigas de Santa Maria, in addition to their most obvious characteristic, that of King Alfonso X's homage to the Virgin Mary, through hundreds of praises, accounts of miracles and their corresponding images - in particular, more than four hundred full-page historical illuminations - are for us, art historians, a summary of medieval life, not only in the kingdoms of León and Castile, ruled by the Wise King in the second half of the 13th century, but throughout Europe and its surroundings. An example of this is right at the beginning of the Alfonsine compendium, in the Praise 1, since its 2nd stanza, as well as vignette 2 of the illumination, tell of an important event that took place in Bethlehem: the birth of Jesus. Focusing on this stanza and vignette - but without losing sight of the main theme of the praise of the Virgin, her seven moments of extreme happiness, or “goyos” in Galician language -, this article correlates biblical texts with the themes addressed in the Praise 1 of the Cantigas; it also correlates religion and architecture, goodness and beauty, as well as holiness and perfection of forms. Let us then delve into the religious universe that underpins the creation of the Gothic portal and rose window, according to the vision of Alfonso X and his Cantigas de Santa Maria.

Keywords: Alfonso X – Cantigas de Santa Maria − Virgin Mary − Architecture.

 

Resumen: Las Cantigas de Santa María, además de su característica más evidente, la del homenaje del rey Alfonso X a la Virgen María, a través de cientos de alabanzas, relatos de milagros y sus correspondientes imágenes - en particular, más de cuatrocientas iluminaciones históricas de página completa -, - son para nosotros, historiadores del arte, un resumen de la vida medieval, no sólo en los reinos de León y Castilla, gobernados por el Rey Sabio en la segunda mitad del siglo XIII, sino en toda Europa y sus alrededores. Un ejemplo de esto lo encontramos ya al comienzo del compendio alfonsino, en el Alabanza 1, pues su 2ª estrofa, así como la viñeta 2 de la iluminación, narran un acontecimiento importante ocurrido en Belén: el nacimiento de Jesús. Centrándose en esta estrofa y viñeta - pero sin perder de vista el tema principal de alabanza a la Virgen, sus siete momentos de extrema felicidad, o “goyos”, en lengua gallega -, este artículo realiza la correlación entre los textos bíblicos y los temas tratado en el Alabanza 1 de las Cantigas; también correlaciona religión y arquitectura, bondad y belleza, así como santidad y perfección de las formas. Adentrémonos pues en el universo religioso que subyace la creación de la portada y el rosetón góticos, según la visión de Alfonso X y sus Cantigas de Santa María.

Palabras-clave: Alfonso X − Cantigas de Santa María – Virgen María – Arquitectura.

 

***

 

I. Belém e o nascimento do cristianismo

 

A 3ª estrofe do Louvor 01 das Cantigas de Santa Maria conta que o nascimento de Jesus foi o segundo momento de júbilo da Virgem Maria, cujo marco geográfico localizou-se em Belém, uma vila próxima de Jerusalém. Foi lá que nasceu o cristianismo, pois, no vilarejo dos ancestrais de José, marido de Maria, Jesus Cristo veio ao mundo. O mapa histórico, reproduzido na Imagem 1, demonstra que a região da Galileia - ao Norte - e a vila de Belém - ao Sul - estavam próximas da zona de influência do Mar Mediterrâneo e localizadas em uma área já densamente ocupada por diferentes núcleos populacionais.

 

Imagem 1

A Terra Santa na época do Novo Testamento. Portal Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos últimos dias. 2025.

 

Logo após o nascimento, José tomou Maria com Jesus e fugiram depressa das perseguições do governador romano da Galileia, Herodes Antipas (20 a.C.-39 d.C.). A esse respeito, assim nos conta o Evangelho de Mateus: “o anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse: Levanta-te, toma o Menino e a Mãe e foge para o Egito. Fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o Menino para matá-lo”[1]

 

Por volta do século XVI a.C., os judeus fugiram do Egito, sob a liderança de Moisés, segundo conta o texto do Êxodo.[2] Em contrapartida, no século I d. C., a Sagrada Família encontrou abrigo na terra dos faraós, onde permaneceu até a morte do cruel governador romano que, segundo o Evangelho de Mateus, ordenou a morte de todos os meninos de Belém que tivessem idade próxima a de Jesus, ou seja, até dois anos[3].

 

II. Arquitetura e poesia nas Cantigas de Santa Maria 

 

A maioria das centenas de iluminuras historiadas das Cantigas é emoldurada pela representação de uma forma arquitetônica.[4] Ou seja, a bidimensionalidade do pergaminho abrigou a tridimensionalidade da arquitetura em quase toda a obra afonsina. Para se ter uma ideia, de todo corpus documental das Cantigas, somente oito iluminuras não são envolvidas por formas arquitetônicas - todas elas estão do Códice Rico. E quase todas as iluminuras do Códice de Florença (embora seja incompleto) têm formas arquitetônicas.

 

Um artigo de Laura Fernández apresenta as características e o destino de cada um dos manuscritos das Cantigas de Santa Maria produzidos a mando do rei Afonso X (1221-1284).[5] Entre eles, os principais são o Códice Rico e o Códice de Florença, cujos fac-símiles fazem parte do acervo da Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas)[6]. Originalmente, o Códice Rico pertence à Biblioteca de San Lorenzo El Real do Complexo Monástico de El Escorial, em Madri[7]. Ele ganhou tal adjetivo por sua profusão de imagens: centenas de iluminuras, letras capitulares e ornamentos marginais associados aos textos e às notações musicais dos relatos de milagres e louvores à Virgem. Já o Códice de Florença está abrigado na Biblioteca Nacional dessa cidade e não está completo: textos, notações musicais e imagens, em sua maior parte, não estão finalizados[8].

 

No que se refere à poesia, quase dois séculos depois do reinado de Afonso X em Leão e Castela, Leon Battista Alberti (1404-1472), arquiteto e teórico da arte da Renascença italiana, afirmou: “Aprendemos com os poetas muitas coisas úteis à pintura”[9]. De fato, nas Cantigas a poesia dos trovadores tem uma relação estreita com a pintura das iluminuras historiadas de página inteira, afinal, cada louvor ou relato de milagre tem sua correspondente expressão plástica. Como veremos, a seguir, no título do Louvor 1, seguido de um extrato do texto (a 3a estrofe, referente ao nascimento de Jesus, em Belém) e na reprodução da iluminura historiada de página inteira desse louvor:

 

Esta é a primeira cantiga de loor de Santa Maria, ementando os VII goyos que ouve de seu fillo.[10]

 

Esta é a primeira cantiga de louvor de Santa Maria, recordando os VII gozos que obteve de seu filho.[11]

 

E demais quero-ll' enmentar

como chegou canssada

a Beleem e foy pousar

no portal da entrada,

u paryu sen tardada

Jesu-Crist', e foy-o deytar,

como moller menguada,

u deytan a cevada,

no presev', e apousentar

ontre bestias d'arada.[12]

 

Ademais, desejo lhes contar

como chegou cansada

a Belém e foi repousar

no portal da entrada,

onde pariu sem tardar

Jesus Cristo, e foi o deitar,

como mulher necessitada,

onde colocam a cevada,

no presépio[13], e descansar

entre bestas da arada.[14]

 

Imagem 2 

Afonso X. Louvor 1. Iluminura historiada de página inteira. Cantigas de Santa Maria. Século XIII. Fac-símile do Códice Rico. Biblioteca da PUC-Minas. 2014-2016. Arquivo pessoal.

 

III. “Os sete gozos” da Virgem Maria

 

O primeiro louvor das Cantigas descreve os momentos em que a Mãe de Jesus obteve extrema felicidade, pois conta quais foram os seus sete regozijos.

 

O primeiro regozijo da Virgem Maria ocorreu quando o Anjo Gabriel desceu do céu para anunciar à bem-aventurada jovem que ela será a mãe do Salvador do mundo. Esse momento de alegria para Maria se refere ao trecho bíblico presente no Evangelho de Lucas: “No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa de Davi”[15]. Um trecho da 2ª estrofe do Louvor 1 conta:

 

Como foy saudada

de Gabriel, u lle chamar

foy: “Benaventurada

Virgen, de Deus amada:

do que o mund’ á de salvar

ficas ora prennada;[16]

 

Como foi saudada

por Gabriel, onde lhe chamar

foi: “Bem-aventurada

Virgem, de Deus amada:

do que o mundo há de salvar

ficas agora grávida;[17]

 

Tal momento de divino aspecto se tornou a segunda oração mais importante para os cristãos: a Ave Maria. Recitada 150 vezes no Rosário. Reza-se o Rosário utilizando um cordão com 150 contas, que representam 150 rosas. A cada Ave-Maria rezada, segura-se uma dessas contas, simbolizando que o fiel oferece à Virgem Maria uma rosa a cada vez que repete a prece feita em homenagem a ela. Por isso, a oração se chama Rosário, igualmente originária do termo latino rosarium, ou seja, conjunto ou coletânea de rosas dedicadas à Maria.[18]

 

A prece ligada à Virgem Maria é uma herança do Saltério medieval, criado a partir do século III e composto pelos 150 Salmos da Bíblia, escritos em forma de hino, cântico ou poema espiritual por diversos autores, como os reis Davi e Salomão, ou Moisés. Os Salmos são classificados de três formas: pelo gênero literário, pela temática ou pelo autor.[19]

 

No século XIII, Domingos de Gusmão (1170-1221), o fundador da Ordem dos Dominicanos (1216), no intuito de ensinar ao povo uma maneira mais fácil de rezar o Rosário, substituiu a recitação dos 150 Salmos pelo igual número de repetição de Ave-Marias. É comumente aceito entre os especialistas que o conteúdo textual dessa prece se originou nas palavras ditas por Gabriel à Maria no momento da Anunciação - e ela, imediatamente, recebeu do Espírito Santo, Jesus em seu ventre.[20] 

 

Sempre é bom recordarmos o teor da bela oração à Virgem:

 

Avé Maria, cheia de graça,

o Senhor é convosco,

bendita sois vós entre as mulheres

e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus.

Santa Maria, Mãe de Deus,

rogai por nós pecadores,

agora e na hora da nossa morte. Ámen.[21]

 

O texto do Louvor 1 confirma o que Gabriel disse: do que o mundo há de salvar ficas agora grávida. A Anunciação, a Ave Maria e o Rosário, relacionam-se com a narrativa visual da primeira vinheta da iluminura do Louvor 01, reproduzida na Imagem 3. Segundo a tradição iconográfica de representações da Anunciação, o vaso de flores entre o Anjo Gabriel e Santa Maria, possui açucenas, simbolizando a virgindade da Mãe de Deus[22]. Como há três elementos dignificantes na Vinheta 01 do Louvor 01 - Gabriel, as flores e Maria -, acima de cada um deles, há arcos ogivais trilobados (similar ao formato da folha de hera inglesa, ou hedera[23]), encimados por gabletes[24] - pois, tanto em pintura quanto em escultura, os elementos arquitetônicos possuem a função de enaltecer a dignidade das figuras representadas.

 

Imagem 3 

Vinheta 01 do Louvor 01.

 

O segundo regozijo da Virgem Maria aconteceu em Belém, quando deu a luz ao Filho de Deus. De acordo com o Evangelho de Lucas: “Enquanto lá estavam, completaram-se os dias para o parto”[25]. Novamente, observa-se a arquitetura como motivo iconográfico que engrandece a importância das figuras representadas abaixo deles. Na Vinheta 02 do Louvor 01, há três arcos quebrados (ou ogivais[26]), que funcionam como moldura arquitetônica gótica para a iconografia historiada: à esquerda, o arco está sobre José, marido de Maria - ainda não santificado, pois não possui auréola. Esse arco possui ornamentação de outra dupla arqueadura ogival, encimada por uma rosácea (cuja função simbólica na iluminura sugere a sua ligação com a importância terrena e divina de Maria, pois ela é, segundo a tradição religiosa ligada ao Louvor 10 das Cantigas, “a rosa das rosas”[27]). A rosácea é um elemento arquitetônico muito comum nas fachadas externas das catedrais - trata-se de uma monumental janela circular gótica com enchimentos decorativos em pedra, metal e vidro colorido, separados em lóbulos rendilhados, com três, quatro ou cinco lados[28]. Logo, sua presença indica que José está sob o portal de entrada, citado anteriormente na 3ª estrofe do texto do Louvor 1.

 

Outro arco ogival está sobre as bestas da arada, citadas no texto do Louvor 1 e representadas pelo boi e pelo cavalo, além do Menino Jesus na manjedoura (santificado, porque possui auréola); por fim, há um arco sobre Maria (igualmente portando uma auréola) - dessa vez, a ogiva está ornada por uma translúcida cortina entreaberta, iconografia relacionada ao feminino, no viés da graciosidade e da amabilidade.


Imagem 4

 Vinheta 02 do Louvor 01.

 

No tocante à Vinheta 03 do Louvor 01, veremos na Imagem 5 o próprio Anjo Gabriel avisando aos pastores - que se assustaram com a aparição - acerca do Nascimento de Jesus, evento bíblico conhecido como a Natividade. O filólogo alemão, Walter Mettmann (1926-2011), responsável pela mais conhecida transcrição e descrição dos textos das Cantigas de Santa Maria, identificou no conteúdo poético do Louvor 1 todos os eventos bíblicos e dogmáticos ligados aos sete gozos da Virgem Maria, o tema dessa cantiga - entre eles, a “Navidad”[29].

 

Imagem 5 

Vinheta 03 do Louvor 01.

 

Ernst H. Gombrich (1909-2001) destaca a genialidade técnica e compositiva de um gravador do final do século XV, Martin Schongauer (1448-1491), ao narrar, imagética e simultaneamente, dois eventos da Noite de Natal relacionados com os pastores. No primeiro plano da Imagem 6, nota-se uma cena em que alguns pastores, com seus característicos cajados, já visitam a Sagrada Família; e, ao fundo, a pequena figura do Anjo Gabriel paira no ar, com o intuito de avisar a um pastor acerca da Boa Nova.[30] 

 

Imagem 6 

Martin Schongauer. A Natividade, gravura à água-forte sobre papel, Alemanha, c. 1475.

 

Na Vinheta 04 do Louvor 01, além de outros três arcos ogivais que encimam as figuras, destaca-se, acima de Maria com o Menino Jesus, a representação da Estrela de Belém - ou Estrela Guia, pois ela guiou os Reis Magos, de longínquas paragens até aquele local e naquele momento.[31] Um extrato da 4ª estrofe do Louvor 1 das Cantigas conta que,

 

aos três Reis en Ultramar

ouv’ a strela mostrada,[32]

aos três Reis do Ultramar

houve a estrela mostrada,[33]

 

O Evangelho de Mateus conta que, no caminho, eles perguntaram: “Onde está o recém-nascido Rei dos Judeus? Vimos Sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo”[34] - o que acendeu a curiosidade e o temor de Herodes. Quando os três reis chegaram em Belém, honraram mãe e bebê com preciosas ofertas. Segundo o Louvor 01, nesse instante, ocorreu o terceiro regozijo da Virgem Maria, relacionado ao trecho bíblico de Mateus: “Ao entrar na casa, viram o menino com Maria, sua mãe e, prostrando-se, homenagearam-no. Em seguida, abriram seus cofres e ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso, mirra”[35].

 

Imagem 7 

Vinheta 04 do Louvor 01.

 

O quarto regozijo da Virgem Maria aconteceu no domingo seguinte ao da morte de Jesus Cristo, pois Maria Madalena correu para contar a todos que o sepulcro do Filho de Maria estava vazio, ou seja, Jesus ressuscitara. O que foi confirmado pelos evangelhos de Mateus e de Marcos, de Lucas e de João. Segundo o texto de Mateus:

 

Passado o sábado, no domingo bem cedo, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o túmulo onde Jesus tinha sido enterrado. 2 Naquela ocasião houve um grande terremoto, pois um anjo do Senhor tinha descido do céu, removido a pedra que fechava o túmulo e agora estava sentado sobre a pedra. 3 Ele se parecia com um relâmpago e as suas roupas eram brancas como a neve. 4 Os guardas tinham ficado com tanto medo, ao ponto que ficaram tremendo e, ao mesmo tempo, paralisados como se estivessem mortos. 5 Então o anjo disse às mulheres:

— Deixem de ter medo! Eu sei que vocês vieram procurar por Jesus, aquele que foi crucificado, 6 mas ele não está mais aqui. Ele ressuscitou, exatamente como havia dito que iria fazer. Venham ver o lugar onde ele estava deitado. 7 Agora, vão depressa e digam aos discípulos dele o seguinte: “Jesus ressuscitou dos mortos e vai adiante de vocês para a Galileia. Lá vocês o verão novamente”. Façam exatamente como eu falei.[36]

 

A Ressurreição é a principal doutrina da Igreja Cristã: no decorrer de mais de dois mil anos, anualmente, os cristão relembram a crucificação de Jesus Cristo (alcunha advinda da cruz, do crucificado) na Sexta-feira Santa; no Sábado de Aleluia, recordam a sua morte; e, no Dia de Páscoa, comemoram, a sua Ressurreição. Um trecho da 4ª estrofe do texto do Louvor 1 das Cantigas revela que Madalena,

 

vyu a pedr’ entornada

do sepulcr’ e guardada

do angeo, que lle falar

foy e disse: “Coytada

moller, sey confortada,

ca Jesus, que ves buscar,

ressurgiu madurgada.[37]

 

viu a pedra deitada

do sepulcro e guardada

pelo anjo, que lhe falar

foi e disse: “Desventurada

mulher, seja confortada

porque Jesus, que veio buscar

ressurgiu na madrugada”.[38]

 

Na Imagem 8, que destaca a Vinheta 5 do Louvor 1, três arcos ogivais trilobados, encimados por gabletes, ornamentam e honram os personagens abaixo deles - similar ao da Vinheta 01. Baseado nos textos bíblico e do Louvor 1, a iluminura da vinheta mostra que um anjo do Senhor tinha descido do céu, removido a pedra que fechava o túmulo e agora estava sentado sobre a pedra. Na mesma vinheta, um elemento arquitetônico (a coluna encimada por um capitel jônico[39]) separa dois espaços temporais, ou seja, dois eventos diferentes: à esquerda, o anjo está sentado sobre a tampa do túmulo aberto; e, à direita, acompanhada de outras mulheres (santificadas, pois estão com auréolas), Maria Madalena porta sua auréola, está ajoelhada e com as mãos unidas, contando à Virgem Maria que seu Filho ressuscitou.

 

Imagem 8

 Vinheta 05 do Louvor 01.

 

Na Vinheta 06 do Louvor 01, reproduzida na Imagem 9, Maria está no centro e ladeada por onze apóstolos - sem a presença do traidor Judas Iscariotes, que era o décimo segundo apóstolo. Os apóstolos presentes na vinheta da iluminura devem ser: Pedro, André, Tiago (filho de Zebedeu), João, Filipe, Bartolomeu, Tomé, Mateus, Tiago (filho de Alfeu), Tadeu e Simão[40].

 

Segundo a Bíblia, no decorrer de 40 dias após a Ressurreição, Jesus fez aparições a diferentes pessoas. Mas especialmente, a seus apóstolos (ou discípulos), orientando-os acerca de vários assuntos: como o apostolado, a caridade, a fé, a humildade e a importância da família.[41] A sexta aparição de Cristo tornou-se famosa no universo das Artes devido ao espetacular óleo sobre tela feito pelo pintor italiano Caravaggio (1571-1610), intitulado A incredulidade de São Tomé (1601-1602)[42]. Esse quadro se refere ao seguinte trecho do Evangelho de João:

 

26 E oito dias depois estavam outra vez os seus discípulos dentro, e com eles Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco. 27 Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente. 28 E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu![43]

 

Vislumbrar seu Filho alçado aos céus em uma nuvem iluminada foi o quinto regozijo da Virgem Maria: “[...] foi elevado à vista deles, e uma nuvem o ocultou a seus olhos”[44], diz Lucas, em um trecho dos Atos dos Apóstolos. Na Imagem 9, de fato, não vemos a figura de Jesus, pois três formações de nuvens emolduram a área superior da vinheta. Entre essas nuvens, anjos acompanham Jesus Cristo em direção ao céu, na Ascenção. O que se coaduna com uma parte da 6ª estrofe do Louvor 1, ao revelar que a Virgem Maria,

 

u vyu alçar

a nuv’ enlumeada

seu fill’;[45]

 

onde viu alçar

a nuvem iluminada

seu filho;[46]

 

Imagem 9 

Vinheta 06 do Louvor 01.

 

Quando foi levada ao Paraíso por Deus, ocorreu o sexto regozijo da Virgem Maria. A Vinheta 07 do Louvor 01, reproduzida na Imagem 10, representa a Virgem ao centro e recebendo, diretamente das Mãos de Deus, os raios que a levarão para a Morada Divina. Os apóstolos estão à sua direita e esquerda, todos com suas auréolas e mãos juntas, em sinal de oração. Enquanto os dois apóstolos laterais a ela (de um lado e de outro) se curvam (talvez em sinal de pesar profundo pela vida terrena de Maria que se esvai), os outros olham para o alto e estão prestes a ver o milagre da Assunção de Maria - trata-se do dogma cristão sobre quando a Mãe de Jesus, em corpo e alma, foi para a outra vida, na eternamente feliz Jerusalém Celeste. Para Santo Agostinho (354-430), na Jerusalém celestial o tempo não existe, logo, não há passado nem futuro, só o presente, cuja felicidade perene é o resultado da graça de compartilhar a presença divina: “a eternidade imóvel determina o futuro e o passado, não sendo nem passado nem futuro”[47]

 

Imagem 10 

Vinheta 07 do Louvor 01.

 

O sétimo regozijo da Virgem Maria efetuou-se no céu, quando se sentou ao lado de seu Filho e foi coroada por Deus. Apesar do estado precário de conservação da Vinheta 08 do Louvor 01, destacada na Imagem 11, nota-se que a Virgem ocupa o lugar especial destinado a ela como Rainha do Céu, entronada e coroada ao lado de seu Filho, Jesus Cristo.

 

Imagem 11 

Vinheta 08 do Louvor 01.

 

Em relação ao último regozijo da Virgem Maria, a 8ª estrofe do Louvor 1 mostra,

 

como foy corõada,

quando seu Fillo a levar

quis, des que foi passada

deste mund’ e juntada

con el ceo, par a par,

e Reỹa chamada,

Filla, Madr’ e Criada;[48]

como foi coroada,

quando seu Filho a levar

quis, desde que foi passada

deste mundo e juntada

com o céu, par a par,

e Rainha chamada,

Filha, Mãe e Criada;[49]

 

Embora não se refiram a trechos bíblicos, o sexto e sétimo momentos de regozijo da Virgem Maria se baseiam em mensagens subliminares presentes em diferentes trechos do Antigo Testamento, por isso, tornaram-se dogmas estabelecidos pela tradição católica e por bulas papais.[50] Ademais, desde o início da Idade Média, extensa produção iconográfica acercou-se desses temas, conhecidos como a Assunção de Maria e a santa como a Rainha do Céu. As duas temáticas - a Assunção e Maria como Rainha do Céu - estão presentes na Imagem 12, que apresenta o tímpano e o dintel sobre o portal Ocidental da Igreja da Colegiada de Santa María la Mayor de Toro (Zamora), final do século XIII.

 

Imagem 12 

Tímpano e dintel do Portal Ocidental. Igreja da Colegiada de Santa María la Mayor de Toro (Zamora), iniciada em 1160 e concluída no final do século XIII.

 

Esse portal foi concluído na mesma época que Afonso X começou a construção da Catedral de Leão e a finalizou a catedral gótica de Burgos de Osma (Soria), que também possui no dintel da porta central Ocidental uma representação escultórica da Assunção de Maria.[51]

 

IV. A Virgem é Boa e Bela: o portal e a rosácea

 

A Virgem, por ser virtuosa, é bela. E o belo, para Aristóteles (384-322 a. C.) “é o que, sendo preferível por si mesmo, é digno de louvor; ou o que, sendo bom, é agradável porque é bom. E se isto é belo, então a virtude é necessariamente bela; pois sendo boa, é digna de louvor”.[52] Logo, o bom é, portanto, belo.

 

Como a Virgem (e tudo que a rodeia) reproduz o que é bom, é fundamental que possua beleza. A moldura arquitetônica da Vinheta 02 do Louvor 1, presente na Imagem 4, reflete o esplendor emanado das virtudes de Santa Maria - porque Ela é boa, logo bela. Ela deve, portanto, estar em meio à perfeição agradável à vista e que cativa o espírito. A Arquitetura demonstra que os motivos formais que envolvem o que é bom (nesse caso, a Virgem e o Menino) são também belos. A esse respeito, Umberto Eco (1935-2016) declara que “a virtude, por exemplo, tem certa claritas em si mesma, pela qual refulge como bela”[53].

 

Bela e rica, pois a riqueza é uma das propriedades da beleza. Se o bom precisa da beleza em sua aparência, a beleza, por vezes, necessita da riqueza. O material que representa o que é bom deve ser opulento e oneroso, pois a magnanimidade e fé do ofertante é medida pela riqueza da sua oferta: “o que, em absoluto, há de mais magnificente é um generoso gasto com um objeto grandioso”[54], destacou Aristóteles. Da mesma forma deve ser o trabalho dos artífices: labor minucioso, ou seja, que demande tempo, talento e suor. O artesão contratado deve ser habilidoso; e o mestre, o melhor entre seus pares[55].

 

Contudo, o texto bíblico e o do Louvor 01 revelam que a Virgem se abrigou em um local minguado de conforto e desapropriado para o parto. Lá estava ela, em meio aos animais usados para arar a terra, segundo nos conta Lucas: “E ela deu à luz seu filho primogênito, envolveu-o com faixas e reclinou-o numa manjedoura, porque não havia um lugar para eles na sala” [56]. Ou seja, a Bíblia revela o local onde Jesus Cristo nasceu, em Belém. O texto do louvor afonsino tentou ser o mais fidedigno possível com a Sagrada Escritura e manter com ela uma relação muito próxima: chegou cansada a Belém e foi repousar.

 

Assim, nota-se que o relato textual do Louvor 1 não condiz com a sua narrativa visual: na iluminura historiada de página inteira, reproduzida na Imagem 2, a bondade de Maria se reflete na bela arquitetura que a envolve. A iluminura, dividida em suas oito vinhetas - o que é uma exceção, pois quase todas as iluminuras das Cantigas foram divididas em seis vinhetas -, mostra um ambiente de esplendor, no qual a ornamentação - que inclui cortinas de tecidos translúcidos, uma rosácea, arcos ogivais e capitéis jônicos - enobrece o envoltório gótico do nascimento de Jesus. Como são seres divinos, os arcos góticos enaltecem a gloriosa ocasião - embora o texto afonsino apenas cite um elemento arquitetônico: quando a parturiente descansou sob o portal da entrada.

 

Anteriormente, destacou-se que, na Vinheta 2 do Louvor 1 - reproduzida na Imagem 4, referente à Natividade e ao segundo regozijo da Virgem Maria -, acima da figura de José, a dupla arqueadura ogival tem no seu tímpano uma rosácea na forma de uma flor quadrilobada, símbolo translúcido, multicolorido e petrificado da Mãe de Deus, além de sugerir que o marido de Maria se localiza abaixo do portal de entrada de uma catedral.

 

A rosácea é um elemento arquitetônico costumeiro da face Oeste das catedrais medievais, local onde está a fachada principal e o portal de entrada, mencionado no texto do Louvor 1. A fachada Ocidental (ou face Oeste) representa, na igreja, o portal de entrada da Jerusalém Celeste. A exemplo da reprodução na Imagem 13, que mostra a Catedral de Notre-Dame de Laon, na França, c. 1160-1220, onde se nota na sua Fachada o portal de entrada e a rosácea.

 

Imagem 13 

Fachada Ocidental, com portal de entrada principal, gablete e rosácea. Catedral de Notre-Dame de Laon, na França, c. 1160-1220.

 

A forma circular da rosácea, estrutura arquitetônica monumental, convida os passantes para que entrem no santuário divino. Ela possui ligação com as ideias de Santo Agostinho, pois o teólogo assegura que o círculo é a mais nobre entre todas as formas geométricas:

 

Quanto à figura mais excelente, não duvidará que seja aquela cujo perímetro está equidistante do centro de tal maneira que qualquer ponto da superfície dista igualmente do centro, sem ângulos que impeçam a igualdade, de cujos centros podemos traçar linhas iguais para qualquer dos limites da figura.[57]

 

O esplendor da rosácea que encima o portal de entrada avisa quem é a mantenedora do edifício, como revela a Imagem 14, em que as esculturas da Virgem com o Menino, ladeada por dois anjos, estão localizadas à frente da rosácea da catedral Notre Dame de Paris (1163-1345).


Imagem 14 

Catedral de Notre Dame de Paris. 1163-1345. Detalhe da rosácea na Fachada Ocidental (Mith, 2013).

 

Conclusão

 

Assim que passamos do portal de entrada, em direção ao interior do santuário, somos tomados pela luz fulgurante transpassada pelos vitrais coloridos que preenchem a rosácea, essa rosa petrificada. Ao caminhar pela nave, dirigimo-nos ao coro e à abside[58], onde se localiza o altar, sempre iluminado pela beleza virtuosa da Virgem, a mais bela de todas as rosas, que sofreu, mas sobretudo, rejubilou-se sete vezes, pois se tornou a mãe de quem o mundo há de salvar.

 

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[1] MATEUS 2:13. In: BÍBLIA de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2013, p. 1705.

[2] ÊXODO 3:10. Ibid., p. 106.

[3] MATEUS 2:16-18. Ibid., p. 1705.

[4] CÓMEZ RAMOS, Rafael. “La arquitectura en las miniaturas de la corte de Alfonso X el Sabio.” In: Alcanate, revista de estudos alfonsíes, ano VI, Sevilha, 2008-2009, p. 209.

[5] Cf. FERNÁNDEZ, Laura. “Cantigas de Santa Maria: fortuna de sus manuscritos.” In: Ibid., pp. 323-348.

[6] AFONSO X, o Sábio. Cantigas de Santa Maria. Edição fac-símile do Códice T.1.1 da Biblioteca de San Lorenzo El Real de El Escorial. Séc. XIII. Madri: Edilán, 1979; Id. Cantigas de Santa Maria. Edição fac-símile do Códice B. R. 2B da Biblioteca Nacionale Centrale de Florença. Séc. XIII. Madri: Edilán, 1989.

[9] ALBERTI, Leon Battista. Da pintura. Campinas - SP: Ed. UNICAMP, 2009, p. 130.

[10] ALFONSO X, el Sábio. Cantigas de Santa Maria. Edição crítica de Walter Mettmann. Madrid: Castalia, 1986, p. 56.

[11] Tradução: Bárbara Dantas.

[12] ALFONSO X, el Sábio. Cantigas de Santa Maria, op. cit., 1986, p. 57 / 23-32.

[13] Cf. PRESEVE. “Glosario.” In: Ibid., 1989, p. 674.

[14] Tradução: Bárbara Dantas.

[15] LUCAS 1:26-27. In: BÍBLIA de Jerusalém, op. cit., p. 1787.

[16] ALFONSO X, el Sábio. Cantigas de Santa Maria, op. cit., 1986, pp. 56-57 / 14-19.

[17] Tradução: Bárbara Dantas.

[18] MARTINUZZO, José Antonio. “A devoção do Rosário.” In: ______. A Igreja de Nossa Senhora do Rosário da Prainha do espírito Santo. Vitória: Governo do Estado do Espírito Santo / Instituto Sincades, 2018, p. 24.

[19] LUZA, Nilo. Livro dos Salmos. Bíblia. Portal da Editora Paulus. 20 de abril de 2021.  

[20] MARTINUZZO, José Antonio. A devoção do Rosário, op. cit., pp. 24-25.

[21] AVE MARIA. Orações. Vatican News. 2025. 

[22] GOMBRICH, Ernst. A História da Arte. São Paulo: Zahar, 1972, p. 160.

[23] O arco ogival trilobado e a folha de hera. Cf. DANTAS, Bárbara. “A abóbada de pedra e as folhas de hera: a Cantiga 65 das Cantigas de Santa Maria do rei Afonso X (século XIII).In: SALVADOR GONZÁLEZ, José María (org.). Mirabilia Journal 38. Returning to Eden. Revaluation of the earthly world. From Antiquity to Ancien Régime, 2024/1, pp. 190-211.

[24] “Gablete: coroamento tipo frontão, muitas vezes, rendilhado, utilizado na arquitetura e na escultura em madeira do gótico.” Há, pelo menos, cinco tipos de gabletes góticos. – TOMAN, Roman. O Gótico: arquitetura, escultura e pintura. Colônia - Alemanha: Könemann, 1998, pp. 24, 26, 504.

[25] LUCAS 2:6. In: Bíblia de Jerusalém, op. cit., p. 1790.

[26] Arco quebrado ou ogival. Cf. CÓMEZ RAMOS, Rafael. La arquitectura en las miniaturas de la corte de Alfonso X el Sabio, op. cit., p. 208. Cf. “A altura do arco quebrado mantém-se constante, mesmo que a sua largura varie.” − TOMAN, Roman. O Gótico, op. cit., p. 22, 26.

[27] MARTINUZZO, José Antonio. A devoção do Rosário, op. cit., p. 24; ALFONSO X, el Sábio. Cantigas de Santa Maria, op. cit., 1986, p. 84. Cf. COSTA, Ricardo; DANTAS, Bárbara. “Arquitetura sagrada e Natureza nas Cantigas de Santa Maria do rei Afonso X.In: SANTOS, Bento Silva (org.). Mirabilia 20: Art, Criticism and Mystique, Institut d’Estudis Medievals (UAB), Barcelona - Espanha, jan.-jun./2015, pp. 44-65.

[28] TOMAN, Roman. O Gótico, op. cit., pp. 23, 505.

[29] ALFONSO X, el Sábio. Cantigas de Santa Maria, op. cit., 1986, p. 56 / nota 2.

[30] GOMBRICH, Ernst. A História da Arte, op. cit., pp. 214-215.

[31] ANTONIO, Jacqueline Rodrigues. Entre alegorias e simbolismos: a representação dos Reis Magos no retábulo jesuíta no patrimônio de Nova Almeida (Espírito Santo). 2016. 141 f. Dissertação (Mestrado em História) - Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2016, pp. 25-26.

[32] ALFONSO X, el Sábio. Cantigas de Santa Maria, op. cit., 1986, p. 57 / 39-40.

[33] Tradução: Bárbara Dantas.

[34] MATEUS 2:2. In: Bíblia de Jerusalém, op. cit., p. 1705.

[35] Id. 2:11. Ibid., p. 1705.

[36] MATEUS 28:1-7. In: Bíblia de Jerusalém, op. cit., p. 1757.

[37] ALFONSO X, el Sábio. Cantigas de Santa Maria, op. cit., 1986, pp. 57-58 / 46-52.

[38] Tradução: Bárbara Dantas.

[39] Ordens gregas de capitéis. Cf. Cf. CÓMEZ RAMOS, Rafael. La arquitectura en las miniaturas de la corte de Alfonso X el Sabio, op. cit., p. 212.

[40] UCDB. Evangelho do dia: Jesus chama os discípulos. Website da Universidade Católica Dom Bosco. 28 de outubro de 2011.

[41] FONTANA, Padre Ricardo. Dez aparições de Cristo Ressuscitado. Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio, Farroupilha - RS. 07 de maio de 2023. Cf. MATEUS 19. In: Bíblia de Jerusalém, op. cit., pp. 1738-1739; JOÃO 21:1-14. Ibid., p. 1894.

[42] Gombrich também destacou outra obra relacionada com as aparições de Jesus, após a Ressurreição: o retábulo pintado pelo suíço Conrad Witz (1400-1460), intitulado A pesca milagrosa, de 1444, representa a 7a aparição do Cristo ressuscitado, segundo o texto de João 21. − GOMBRICH, Ernst. A História da Arte, op. cit., pp. 180, 182, 304-305.

[43] JOÃO 20:26-28. In: Bíblia de Jerusalém, op. cit., p. 1893.

[44] ATOS DOS APÓSTOLOS 1:9. In: Bíblia de Jerusalém, op. cit., p. 1901.

[45] ALFONSO X, el Sábio. Cantigas de Santa Maria, op. cit., 1986, p. 58 / 55-56.

[46] Tradução: Bárbara Dantas.

[47] AGOSTINHO. Confissões. Braga - Portugal: Apostolado da Imprensa, 1990, p. 301.

[48] ALFONSO X, el Sábio. Cantigas de Santa Maria, op. cit., 1986, p. 58 / 74-80.

[49] Tradução: Bárbara Dantas.

[50] Cf. ORANI, João. Dogma da Assunção de Nossa Senhora: 70 anos! Vatican News. 1º de novembro de 2020.

[51] TOMAN, Roman. O Gótico, op. cit., pp. 374-376.

[52] ARISTÓTELES. Retórica. Lisboa: Imprensa Nacional (Casa da Moeda), 1998, p. 1366a.

[53] ECO, Umberto. Arte e beleza na estética medieval. Rio de Janeiro: Globo, 1989, p. 42.

[54] ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 1123a.

[55] “Por que um edifício majestoso desperta prazer? Porque ele expressa um dispêndio virtuoso da riqueza.” − PULS, Maurício. Arquitetura e filosofia. São Paulo: Annablume, 2006, p. 144.

[56] LUCAS 2:7. In: Bíblia de Jerusalém, op. cit., p. 1790.

[57] AGOSTINHO. Sobre a potencialidade da alma. Petrópolis - RJ: Vozes, 2005, p. 58.

[58] “Ábside ou abside: extensão de um edifício de forma semicircular ou poligonal; na construção sacra, geralmente, o extremo Oriental do coro.” − TOMAN, Roman. O Gótico, op. cit., p. 502.

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