top of page

A escravidão e a África: de onde vieram os negros escravizados que chegaram ao Brasil?

Foto do escritor: Autora | Bárbara DantasAutora | Bárbara Dantas

Bárbara Dantas[1] 


* Se precisar citar, tê-lo como referência, seguir: 

DANTAS, Bárbara. A escravidão e a África: de onde vieram os negros escravizados que chegaram ao Brasil? In: LACERDA, Amanda; CLAUDIANO, Leonardo; ROQUE, Mateus. Simpósio de História, Literatura e Resistência: Narrativas de Conflito, historiografia e escrita em momentos de luta. Volume 2. Parnamirim - RN: Biblioteca Ocidente, 2024, pp. 10-32. Disponível em: https://www.barbaradantas.com/post/a-escravid%C3%A3o-e-a-%C3%A1frica-de-onde-vieram-os-negros-escravizados-que-chegaram-ao-brasil


RESUMO: A escravidão é uma das instituições mais antigas do mundo. Foi direcionada a grupos diferentes, ora ligado à cultura, ora à etnia. Este trabalho pretende mostrar uma visão panorâmica sobre a escravidão na África, desde a Antiguidade até o século 19, com o intuito de demonstrar por meio de fontes textuais e visuais alguns dos motivos que expliquem por que os povos negros desse continente foram objeto da escravidão e do posterior tráfico de seres humanos, principalmente para o Brasil.

 

PALAVRAS-CHAVE: África. Brasil. Escravidão. História Moderna.


ABSTRACT: Slavery is one of the oldest institutions in the world. It was directed at different groups, sometimes linked to culture, sometimes to ethnicity. This work aims to provide an overview of slavery in Africa, from Antiquity to the 19th century, with the aim of demonstrating, through textual and visual sources, some of the reasons that explain why the black people of this continent were subject to slavery and subsequent human trafficking, mainly to Brazil.


KEYWORDS: Africa. Brazil. Slavery. Modern History.


RESUMEN: La esclavitud es una de las instituciones más antiguas del mundo. Estaba dirigido a diferentes grupos, a veces vinculados a la cultura, a veces a la etnia. Este trabajo pretende mostrar una visión panorámica de la esclavitud en África, desde la Antigüedad hasta el siglo XIX, con el objetivo de demostrar, a través de fuentes textuales y visuales, algunas de las razones que explican por qué los negros de este continente fueron sometidos a esclavitud y posterior trata de personas, principalmente hacia Brasil.


PALABRAS CLAVE: África. Brasil. Esclavitud. Historia Moderna.

 

Introdução

 

A escravidão no Brasil colonial e o tráfico transatlântico de negros africanos para a América portuguesa é objeto de pesquisa histórica desde a época em que a escravidão ainda era legalmente institucionalizada no Brasil, ou seja, remete ao século XIX. Segundo a professora brasileira da Universidade de Paris, Kátia M. de Queirós Mattoso (1931-2011), o assunto já foi tratado sob diversas perspectivas e métodos. Hoje, neste início da década de 20 do século XXI, observa-se que a elocução da historiadora no Prefácio da segunda edição de seu livro, Ser escravo no Brasil, séculos XVI-XIX (1994), continua vigente:


Qualquer abordagem que privilegie as relações sociais, as mentalidades ou a economia não deve rejeitar nenhuma das outras, pois a reunião desses diferentes pontos de vista dá profundidade e sentido à demonstração que ela procura desenvolver pela estimativa real do peso de cada um desses aspectos (MATTOSO, 2016, p. 30).

 

Segundo Felipe Fanuel Xavier Rodrigues (2008, p. 1), o livro do pesquisador da Micro História, o italiano, Carlo Ginzburg, intitulado O fio e os rastros: verdadeiro, falso, fictício (2006), apresenta um método de pesquisa semelhante ao que foi indicado por Mattoso, quer seja, localizar onde se encontram “o fio da história e os rastros literários”.


Embora Mattoso tenha advertido que “as grandes sínteses são perigosas” (2016, p. 30), ela utilizou o conceito de longa duração histórica para escrever seu ensaio. O pesquisador brasileiro Luiz Felipe de Alencastro, no seu livro O trato dos viventes. Formação do Brasil no Atlântico Sul, fez o mesmo ao utilizar a “longue duréé” com a finalidade de criar, assim como Mattoso, senão uma cronologia, mas uma visão das fronteiras e das etapas históricas da longa relação entre a África e o Brasil com a escravidão e o tráfico de negros (ALENCASTRO, 2000, p. 354).  


Logo na Apresentação do livro Tráfico, cativeiro e liberdade (2005), o historiador brasileiro, Manolo Florentino (1958-2021), ressalta que a escravidão abarcava muito além do Novo Mundo e da África. Ele recorda que “os regimes compulsórios de trabalhos”, entre os séculos XVII e XIX, abocanhavam quase a totalidade da população mundial. Segundo suas estimativas, mais de 95% da população mundial desse período não era servo ou escravo! Quando se referiu à Inglaterra, ele frisou: “mesmo no berço do individualismo quatro entre cada dez pessoas estavam envolvidas em algum tipo de relação servil” (FLORENTINO, 2005, p. 9).


Em paralelo ao que colocava quase na mesma condição o servo e o escravo, a Modernidade foi um período no qual surgiram os termos “liberdade positiva e negativa”, resultado de um conceito igualmente ambivalente, posto que a liberdade individual e a coletiva eram conflitantes significados da noção de liberdade (GUANZINI, 2019, p. 58/60). Na França do século XVIII, por exemplo, se a conquista da liberdade coletiva de alguns grupos - como os burgueses, que desejavam maior participação política - foi árdua, o sociólogo alemão Norbert Elias (1897-1990) enfatiza que “tentativas de emancipação do indivíduo” não tiveram êxito (ELIAS, 2001, p. 127).


Em relação às fontes sobre a África, credita-se grande parte delas ao trabalho do historiador brasileiro Alberto da Costa e Silva, que em um trabalho certamente de fôlego, intitulado Imagens da África (2012), reuniu e traduziu importantes fontes escritas de registros de relatos sobre a África, desde a Antiguidade até o século XIX. A partir de sua compilação, pode-se, com mais segurança, visualizar uma linha do tempo do universo mental relacionado ao continente africano e seus habitantes.


Sob a perspectiva histórica da longa duração, que foi criada pelo historiador francês Fernand Braudel (1902-1985), ele próprio escolheu a Modernidade como o recorte temporal preferencial de suas pesquisas. Para Braudel, sem a África, os europeus não conseguiriam explorar as riquezas ou colonizar o Novo Mundo, quer seja, as Américas (BRAUDEL, 1997, p. 41).

 

A escravidão e a História do pensamento

 

Tanto a antiguidade quanto a longevidade da escravidão de seres humanos foram destacadas no livro do historiador norte-americano Moses Finley (1912-1986), intitulado Esclavitud antigua e ideologia moderna (1980). Para ele, a escravidão foi uma instituição de primeira ordem tanto no Império romano quanto na América do século 19. A mineração e os trabalhos domésticos, por exemplo, eram, preferencialmente, realizados por escravos. Tanto na cidade quanto no campo, os escravos que trabalhavam em grandes entidades - como latifúndios ou órgãos do governo - exerciam desde as atividades mais baixas até as mais altas, como as administrativas (FINLEY, 1982, p. 81/89/103).


De acordo com o historiador brasileiro Afonso Arinos de Melo Franco (1905-1990), em seu livro O índio brasileiro e a Revolução Francesa: as origens brasileiras da teoria da bondade natural (1976), alguns pensadores modernos decidiram refletir sobre o mundo de então e, após seus estudos, dedicaram seus trabalhos à crítica da ordem estabelecida pelos poderes (FRANCO, 2000, p. 235). A exemplo do filósofo humanista francês Michel de Montaigne (1533-1592), quando comparou em Des Cannibales, seção de seu famoso Ensaios (1580) as sociedades europeia e ameríndia, favorecendo essa e em detrimento daquela (MONTAIGNE, 2008, p. 23), como ressaltou Ginzburg (2007, p. 53-55).


Em suas análises sobre o absolutismo monárquico, o filósofo político inglês John Locke (1632-1704) encontrou diferentes níveis de relações políticas em um meio social, relações que sempre são de poder: a autoridade do magistrado sobre o súdito, o pátrio mando sobre os filhos, do senhor sobre seus servos, do marido sobre a mulher “e do nobre sobre o escravo” (LOCKE, 2011, p. 14).


Nas análises comparativas no que tange à servidão e à escravidão, na concepção de Locke, a escravidão era apenas outro tipo de servidão, cujos membros são tomados em “guerra justa” ou por “direito de natureza, ao domínio absoluto e arbitrário dos senhores”. O escravo perde a vida, a liberdade e o direito de possuir propriedade, por isso, não é partícipe da sociedade civil (LOCKE, 2011, p. 60). Ainda no que se refere à escravidão, Locke observa:


[...] quem a outrem subjuga, dele usará, segundo lhe aprouver, quando o tiver cativo, chegando mesmo a aniquilá-lo, se lhe der na veneta; não há quem deseje ter outrem sob poder absoluto senão para coagi-lo à força ao que é contrário à liberdade, isto é, torná-lo escravo (LOCKE, 2011, p. 23-24).

 

Logo em seguida, o pensador inglês demonstra que a Bíblia contém algumas referências à escravidão antiga que serviram como matrizes para o seu debate a respeito da servidão e da escravidão de seu próprio tempo, em especial, sobre a “venda de pessoas”. No Capítulo IV de seu Segundo Tratado sobre o governo (1689), intitulado Escravidão, Locke relembra uma prática dos judeus registrada no Êxodo (21, 26-27), livro do Antigo Testamento bíblico, no qual a escravidão é registrada entre os judeus como restrita ao trabalho servil e não significou um domínio de vida e morte sobre o escravo: “Se alguém ferir o olho do seu escravo ou o olho da sua serva, e o inutilizar, deixá-lo-á livre pelo seu olho. Se fizer cair um dente do seu escravo ou um dente de sua serva, dar-lhe-á liberdade pelo seu dente” (BÍBLIA, 2013, p. 133). Locke comenta essa passagem:


Admito que se verifica entre os judeus, tanto quanto em outros povos, a venda de pessoas, embora o fizessem apenas para trabalho servil, não para a escravidão. A pessoa vendida não ficava sob poder absoluto, arbitrário e despótico do comprador; o senhor não tinha o direito de matar em momento algum aquele servo (LOCKE, 2011, p. 28).

 

Locke tinha muitas informações tanto sobre a América quanto sobre a África, pois alguns dos apontamentos em seu tratado dissertam a respeito. Mas, assim como fizera Montaigne, ele utilizou os exemplos de ameríndios e de africanos apenas como base comparativa para criticar as condenáveis formas pelas quais o absolutismo monárquico mantinha seu poder sobre os povos da Europa (LOCKE, 2011, p. 15). 


Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), em seu segundo discurso, intitulado A origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens (1755), refere-se diretamente a Locke, como demonstração da fonte de algumas de suas ideias. Porém, na mesma obra, ao se referir a Thomas Hobbes (1588-1679) - também filósofo político inglês, mas que viveu na geração anterior a de Locke -, Rousseau se contrapõe enfaticamente as suas ideias (DANTAS, 2019, p. 124-126), com elocuções como a seguinte:


Não seria mais razoável acreditar que os povos se jogaram primeiro nos braços de um senhor absoluto, sem condições e sem volta, e que o primeiro meio de prover a segurança comum imaginado por homens altivos e indomáveis foi se precipitar na escravidão (ROUSSEAU, 2017, p. 90).

 

Na mesma linha de Montaigne e de Locke, Rousseau usou o que sabia a respeito de algumas tribos da América e da África para rir-se da sua própria sociedade: “Que espetáculo para um caraíba os trabalhos penosos e invejados de um ministro europeu!” (ROUSSEAU, 2017, p. 104).


Embora Locke caracterizasse o que definiu como a condição escrava, em nenhum momento, ele pensou que os negros africanos ou os ameríndios também não eram obrigados a tal desesperado estado. O máximo que Locke e Rousseau fizeram a respeito da escravidão foi defender que aos soberanos europeus o resto do mundo não era território legítimo para suas conquistas avassaladoras e apropriações que traziam mais agravos que benefícios aos naturais da terra (LOCKE, 2011, p. 116 / ROUSSEAU, 2017, p. 89).


Ainda assim, não há por que culpar Locke por algum tipo de omissão, o pensamento lockeano colaborou sobremaneira para a gênese da abolição da escravidão e do tráfico de seres humanos na sua terra natal, a Inglaterra, primeira nação a combater aquelas práticas. Para Locke (2011, p. 16-17): “Não há como supor qualquer forma de subordinação entre os homens que nos autorize a destruir a outrem, como se fôssemos objeto uns dos outros”. Ademais, os textos de Locke foram ressignificados ainda no século XVIII e se tornaram referências para que o próprio Rousseau pudesse - sem saber, embora previsse - incentivar a revolução entre os franceses (FRANCO, 2000, p. 212).


Voltaire, por sua vez, embora tenha recebido vultosos proventos do comércio de escravos (GINZBURG, 2007, p. 123), em uma de suas maiores obras, o Dicionário Filosófico (1764), não poupou palavras para criticar a escravidão e o tráfico de negros africanos com afirmativas como esta: “Aqueles que se intitulavam brancos vão comprar negros a bons preços para revendê-los na América” (VOLTAIRE, 2002, p. 186).


De Locke a Rousseau, em geral, o olhar sobre o passado greco-romano fundamentou e incentivou uma reavaliação das ordens instituídas em seus próprios tempos, gerando uma consciência de que se baseavam em uma época pretérita que foi tão ou mais escravista quanto a deles. Na centúria em que o Iluminismo francês se desenvolveu sob o viés da liberdade e da igualdade entre os homens, os pensadores começaram a olhar para o passado de forma mais crítica e menos laudatória.


Os pensadores que criticaram a submissão total de grande parte da humanidade perante um punhado de indivíduos, encontraram na cultura greco-romana os fundamentos a partir dos quais pretenderam dar fim àquelas injustiças, alcançando, consequentemente, as mazelas da escravidão.


Segundo Finley, alguns pensadores modernos assumiram a incongruência de suas perspectivas como, por exemplo, o historiador alemão Arnold Heeren (1760-1842) e sua dúvida se os frutos colhidos pela civilização grega tiveram “algum valor para toda a humanidade civilizada”, já que “se pagou um preço demasiado alto com a introdução da escravidão” (FINLEY, 1982, p. 12) [tradução da autora].


Finley acrescenta a colocação do teórico alemão Friedrich Engels (1820-1895) a respeito de “semelhantes vergonhas”. Engels ressaltou que “sem escravidão não há Estado grego, nem arte grega, nem ciência grega; sem escravidão não há Império Romano. E sem o fundamento do helenismo e do romanismo não há tampouco Europa moderna” (FINLEY, 1982, p. 12) [tradução da autora].


De acordo com Braudel, a formação e estabelecimento dos estados nacionais da Europa, desde os anos finais da Idade Média, com seu ápice no século 19, baseou-se na submissão de suas colônias no além-mar e na escravidão de africanos e de povos autóctones.  Braudel revela que, ainda no século 16, os estaleiros navais europeus atingiram seu auge. À riqueza que entrava, saía igualmente o fluxo humano, bélico e econômico necessário para manter a exploração das colônias e das feitorias europeias em outros continentes (BRAUDEL, 1997, p. 86/386).


Foram a força laboral e compulsória dos escravos e as riquezas das colônias que possibilitaram, inclusive, o encaminhamento dos proventos essenciais para apoiar financeiramente os intelectuais, os cientistas e os artistas modernos para prosseguirem com o aprofundamento de seus saberes. Isso significa que não existiu ninguém que estivesse isento do resultado dos labores escravistas e da exploração sem medidas de terras distantes. Grande parte da população sabia disso, mas o complexo estilo de vida europeu continuava, não podia parar.


Se a vida e os ganhos precisavam seguir em frente, o pensamento acompanhou o fluxo. Nesse sentido, Florentino (2005, p. 9) afirma: “O Ocidente inventou a liberdade”, para além da ideia de liberdade defendida pelos greco-romanos ou pelos filósofos, ele se refere àquela liberdade que é a mais tangível de todas, não é mera abstração, um desejo em forma de texto bem construído ou uma imagem idealizada em uma gravura, trata-se da “liberdade que se reencarna no indivíduo, seu único suporte”.


Após milênios de institucionalização do trabalho escravo, os séculos XVIII e XIX acompanharam a emergência de movimentos intelectuais e políticos que minaram as bases históricas e morais da escravidão, a tal ponto que, antes do século XIX terminar, praticamente todas as nações do mundo já haviam proibido o tráfico e abolido a escravidão. O Brasil, infelizmente, carrega consigo a vergonha de ter sido o último país a abolir a escravatura (ROCHA, 1997, p. 124).

 

Os escravos da Família Taunay e o Valongo

  

Desde 1816, Auguste Marie Charles Taunay (1791-1867), filho do pintor francês Nicolas-Antoine Taunay (1755-1830), administrou a lavoura cafeeira da família, localizada no Alto da Tijuca, na cidade do Rio de Janeiro. A partir dessa experiência, escreveu o Manual do agricultor brasileiro, publicado no ano de 1839. Para Charles Taunay, o maior problema para os fazendeiros era a administração dos escravos, por isso, ocupou dois capítulos de seu Manual para dissertar a respeito. Nas suas considerações, reproduziu preconceitos há muito fixados na mentalidade tanto dos europeus quanto do recém independente Brasil, entre eles a ideia de que o negro africano estava fadado à condição servil (MARQUESE, 2001, p. 8/17).


Ao se referir às justificativas para a escravidão e o tráfico de negros africanos para fornecer mão-de-obra às lavouras brasileiras, o autor do Manual evidenciou o pensamento científico desenvolvido desde meados do século 18 em torno do qual a humanidade era formada por uma “hierarquia das raças” em que o europeu estava no topo e o negro africano na condição mais baixa (CRIBELLI, 2014, p. 77), como sugere o extrato a seguir:


No caso particular da escravidão dos pretos comprados na costa da África, podemos considerar o seu resgate das mãos dos primitivos donos, e a inferioridade da sua raça, como circunstâncias atenuantes [...] A inferioridade física e intelectual da raça negra, classificada por todos os fisiologistas como a última das raças humanas, a reduz naturalmente, uma vez que tenha contatos e relações com outras raças, e especialmente a branca, ao lugar ínfimo, e ofícios elementares da sociedade (TAUNAY, 2001, p. 51-53).

 

Cláudio de Paula Honorato afirmou que o tráfico de escravos africanos destinado aos portos do Rio de Janeiro cresceu exponencialmente, desde a segunda metade do século XVIII, devido à descoberta de ouro e diamante nas Minas Gerais, que também eram encaminhados para a região portuária do Rio. Ainda segundo Honorato, os escravos africanos chegavam, principalmente, de Benguela, da Costa da Mina e de Angola para serem comercializados no mercado de escravos localizado no Cais do Valongo (2008, p. 66). Em 1817, o francês Jacques Etienne Arago (1790-1854) registrou em carta endereçada a um amigo que viu no Valongo africanos negros vindos da ilha de Madagascar e de Moçambique (ARAGO, 2021, p. 43).


A reprodução abaixo de um quadro do artista francês Jean-Baptiste Debret (1768-1848), contemporâneo dos Taunay - pai e filho - no Rio de Janeiro, apresenta-nos uma ideia de como eram os negócios no maior mercado de escravos das Américas.


O conjunto da obra brasileira de Debret revela um ideal crescente entre os intelectuais de seu tempo, para além de um mapeamento das diferenças encontradas no mundo natural, realizado pelos viajantes - fossem cientistas ou artistas - mapear e descrever a espécie humana para aprender suas especificidades morais e políticas. Segundo Mauro Dela Bandera Arco Jr (2019, p. 139): “Viagens feitas com cuidado a fim de observar e descrever outros mundos, novos mundos de homens diferentes do mundo europeu ocidental, cuja compreensão é necessária para iluminar as dinâmicas de funcionamento deste último”.

 

Figura 1: Jean Baptiste Debret. Mercado de Escravos de Valongo, 33,2 x 44,3 cm, óleo sobre tela, s/d, Rio de Janeiro. Fonte: website do Instituto Ricardo Brennand - Recife.

 

Apesar de Debret (2016), em sua obra Viagem pitoresca e histórica ao Brasil, publicado em 1839, em Paris, vez ou outra, reproduzir as concepções e estereótipos adquiridos ainda na Europa - o olhar de estranhamento de um europeu que viveu no Brasil -, os seus testemunhos escritos e visuais, de fato, revelaram para o mundo as belezas e os horrores da vida no Rio de Janeiro durante boa parte do Período Joanino, época na qual a corte portuguesa estabeleceu-se no Brasil, sob o governo do príncipe regente e, depois, imperador, d. João VI (1767-1826).


A respeito do mercado de escravos do Rio de Janeiro, o testemunho da inglesa Maria Graham (1785-1842) é dramático, ela esteve na cidade duas vezes, em 1822 e 1823. Após lê-lo, somente um espírito muito estoico consegue ficar alheio ao horror da vida dos escravos nos armazéns do Cais do Valongo:


Vi hoje o Val Longo [Valongo]. E o mercado de escravos do Rio. Quase todas as casas desta longuíssima rua são um depósito de escravos. Passando pelas suas portas à noite, vi na maior parte delas bancos colocados rente às paredes, nos quais filas de jovens criaturas estavam sentadas, com as cabeças raspadas, os corpos macilentos, tendo na pele sinais de sarna recente. Em alguns lugares as pobres criaturas jazem sobre tapetes, evidentemente muito fracos para sentarem-se [...] Pobres criaturas! Mesmo que pudesse eu não diminuiria seus momentos de alegria, despertando neles a compreensão das coisas tristes da escravidão, não somente para os negros, mas para eles próprios e, não somente para eles, mas para suas famílias e para suas descendências (GRAHAM, 2021, p. 261-262).

 

O Valongo recebia os escravos vindos da África, resultado do lucrativo tráfico. Na medida que esse comércio foi sendo paulatinamente abolido em diversas nações - desde os anos finais do século XVIII, mas principalmente, nas primeiras décadas do século seguinte - não foram poucos aqueles ainda persistiam em justificar a escravidão e, consequentemente o recebimento de escravos negros vindos da África. Nesse aspecto, Charles Taunay tentou demonstrar no seu Manual como eles viviam em sua terra natal. Mas, seus argumentos sugerem um olhar estereotipado, visto que considerou o negro de modo generalizado e mais animal que humano:


Os negros são por natureza sóbrios, e nos seus desertos aturam jejuns extraordinários; o seu gênero de vida e gênio assim o requerem. A mor parte do tempo, ou dormem ou andam à caça das feras e dos homens.

[...] Os negros andam nus na sua pátria, e habitam ranchos que apenas serviriam para chiqueiros (TAUNAY, 2001, p. 59/62-63).

 

O Manual de Charles Taunay demorou cerca de uma década para ser publicado, mas foi um completo sucesso editorial (MARQUESE, 2001, p. 13). Isso demonstra como o seu pensamento se coadunou com a opinião dos senhores de escravos do Brasil. Essa visão indica o desconhecimento de então no tocante à diversidade social, política e cultural dos africanos e igualmente no que tange aos complexos e heterogêneos ambientes naturais da África (MATTOSO, 2021, p. 39).

 

A escravidão e África

 

Por muito tempo não existiu sequer a ideia de um continente, “dado que a África quase não existia como um conceito para os africanos antes do século 19” (ELTIS, 2003, p. 21). Por isso, propomos (re) descobrir a África, começando pela sua geografia, a partir da análise de um mapa realizado para o soberano francês, Luís XV (1710-1774), intitulado o Mapa da África para uso do rei, de 1722.


Vamos “ler” este mapa? Chartier desafia o historiador a pensar se uma imagem pode ser lida, assim como se faz com um texto. Para diminuir as desconfianças metodológicas, o recorte temporal/geográfico da produção deste mapa faz parte do período durante o qual Chartier (2002, p. 163) nos lembra que “leitura” designava - além da decifração de palavras - compreender e interpretar conteúdos formais (formas) que não são escritos, uma pintura, por exemplo: o século XVIII. 


Na Europa do século XVIII, a noção de “escala” suscitou intensas reflexões acerca da natureza e da validade da cartografia. A escala como ideia abstrata útil para reduzir/ampliar um determinado recorte geográfico por meio de uma imagem macro e seus microelementos constituintes. Naquela epistemologia do fazer cartográfico, definiram “a combinação de duas escalas de grandeza” (LEPETIT, 1998, p. 96). Ou seja, o mapa acima pode ser “lido” como a união de duas escalas (a macro e a micro) que, apesar de concorrentes, são válidas, desde que sejam bem delimitados seus princípios explicativos.

 

Figura 2: Guillaume Delisle. Carte d'Afrique dressée pour l'usage du roy [Mapa da África para uso do rei], 1722, cartografia, editado em Paris, língua francesa, 50 x 64,5 cm, colorido.

Fonte: Gallica, website da Bibliotèque Nationale de France, Paris - França. Acesso em 18 jun. 2020.

 

Dos cartógrafos - e do historiador francês Jacques Revel -, os historiadores devem lembrar de que “nenhuma escala tem privilégio sobre a outra”, mesmo que a cultura disciplinar, os instrumentos técnicos e o método para analisá-las não sejam os mesmos (1998, p. 14). Assim, nessa leitura interdisciplinar do mapa do continente africano, inferir que o melhor resultado analítico resulta da comparação entre os níveis, e não do confronto entre eles. Ademais, a intenção é mais refletir que definir, descobrir novas problemáticas e, nesse caso, (re) descobrir a África.


De Leste a Oeste, a África - essa grande extensão contínua de terra - é cercada por dois oceanos, o Atlântico e o Índico. No seu extremo sul, as águas oceânicas se encontram brutalmente em uma temida batalha de vagas e rochedos tão antiga quanto o mundo. Para completar este cerco marítimo, o continente é banhado, ao Norte, pelo Mar Mediterrâneo, disputada via marítima desde a Antiguidade; além do Mar Vermelho, condição que compartilha com o litoral Oeste da Península Arábica, águas essas que serviram de caminho para os barcos muçulmanos que chegaram ao continente africano, a partir do século VIII (SILVA, 2012, p. 11). São essas ondulações marítimas e oceânicas - em adição ao favor das correntes e dos ventos - que levaram os navegantes estrangeiros ao território africano.


A Cordilheira do Atlas - grupo montanhoso com altitudes de mais de 1000 metros - determina um clima semidesértico, salpicado de oásis, a quase todo o Norte Ocidental africano. A despeito disso, o frescor do mediterrânico se impõe sobre o Magrebe - Ocidente, em árabe - (COSTA, 2009, p. 35). No mapa da Figura 2, o Magrebe é toda a área amarela ao norte, acrescida das regiões mais ocidentais nas áreas rosa e verde, logo abaixo.


Na medida em que se ruma para o sul, depara-se com um grande deserto, o maior do mundo, visível no mapa com a cor rosa. O Saara cobre milhares de quilômetros e atravessá-lo em direção ao sul do continente parece, à primeira vista, ser impossível, mas não é. Nunca foi. Para o historiador brasileiro, Alberto da Costa e Silva, “de oásis em oásis, pelos caminhos para nós invisíveis do Saara”, o comércio incentivou o trasladar de caravanas de até seis mil dromedários ou camelos que atravessam periodicamente, desde tempos remotos, o perigoso deserto (SILVA, 2012, p. 9). Segundo Fernand Braudel, os desertos quentes da África são dominados por esse animal, que já existia no Saara quando os árabes lá chegaram (1997, p. 312). Manolo Florentino lembra que os principais produtos comercializados por esses mercadores que atravessavam as areias do deserto foram o ouro e os escravos (FLORENTINO, 1997, p. 87).


Nessa busca por (re) descobrir a África, já nos deparamos com oceanos e mares que a circundam; um norte semidesértico; uma cordilheira com nome de Titã da mitologia grega, o Atlas[2]; as terras férteis do Magrebe; e, abaixo de tudo isso, separando o Norte e o Sul, o deserto do Saara. Continuando rumo ao Sul, aos que desafiaram e venceram as dunas de areia e as devastadoras temperaturas do deserto, ou desembarcaram no litoral Atlântico do Continente Subsaariano, o panorama que se estende à vista muda completamente. O frescor do clima tropical deu vida a densas florestas cortadas por serpenteantes e caudalosos rios; de soslaio, montanhas, depressões e savanas marcam presença e são regados por lagos tão grandes que não se vê a margem oposta.


No continente africano, além da coexistência de variados ecossistemas, revelavam-se distintos povos nativos: alguns letrados em meio a muitos outros que desconheciam a escrita; alguns reinos com suas cortes luxuosas e auto dignificantes - até o século XVII, destacou-se o Reino do Congo (ALENCASTRO, 2000, p. 70), circunvizinhos a centenas de povoados de pescadores e pequenos agricultores “que desconheciam a autoridade estatal” (FLORENTINO, 1997, p. 85). Muitos desses africanos, segundo o florentino Brunetto Latini (1220-1294), eram “inocentes, andavam nus, ignoravam o ouro e os seus funestos enganos” (apud, FRANCO, 2000, p. 46).


A África Subsaariana é a região contada e recontada pelos estrangeiros que testemunharam “de corpo presente” sua grandiosidade natural (KOLLERITZ, 2004). Por conhecerem a escrita, esses estrangeiros dominaram a memória e a História daquelas paragens. Esses escritos milenares construíram grande parte do que ficou conhecido como a “África Negra” (COSTA, 2009, p. 50).


Três historiadores gregos da Antiguidade estão entre os primeiros a registrar os povos negros da África - porém, especialistas afirmam que seus registros não partiram de visitas, mas de relatos de outros viajantes desconhecidos que estiveram, de fato, na África negra. Heródoto (c. 484-425 a.C.) nomeou-os como “etíopes”. Antecedendo a ciência moderna, Deodoro da Sicília (c. 80-20 a.C.) afirmou que esses etíopes “foram os primeiros de todos os homens”. Para Estrabão (c. 63 a.C.- c. 25 a.C.), os habitantes dessas regiões “enfrentam uma vida dura, andam nus e são nômades”. Já o naturalista romano, Plínio, o Velho (23-79) acreditava que a pele negra dos africanos era explicada pelo “poder transformador do fogo, cujo calor é o que molda os corpos” (apud, SILVA, 2012, p. 17/-64).


Entre os romanos, o Coliseu oferecia ao público sedento por sangue os espetáculos de luta e morte de homens e animais. No final de cada espetáculo, enquanto a plateia comia os lanches vendidos por ambulantes nas arquibancadas, negros africanos escravizados limpavam a arena. Tinham, principalmente, a função de trocar a areia coberta de sangue e outros detritos. Esses escravos eram da África Oriental e Central, principalmente da Etiópia. Mesmos locais de onde os romanos traziam as feras para agonizar, lutar e morrer (DANTAS, 2021, p. 740).


Os árabes islamizados chegaram ao norte do continente africano no século VIII e se instalaram no Magrebe (COSTA, 2009, p. 35). No século IX, o chinês Tuan Ch’eng-Shih afirmou que os povos da região onde hoje se localiza hoje a Somália, no Chifre da África, “desde tempos antigos, não estão submetidos a nenhum país estrangeiro”, e completou: “Os árabes os atacam com frequência” (apud, SILVA, 2012, p. 31).


A África Negra, região habitada por seres tão díspares quanto suas paisagens foi o cenário onde milhões de homens e mulheres foram destituídos de sua condição humana e comparados a animais ou coisas. De acordo com Silva (2012, p. 11), os “árabes e arabizados” foram os primeiros a descrever por escrito visitas in loco às regiões subsaarianas. Um deles, Ibn Khaldun (1332-1406), fez como tantos outros, antes e depois dele, independentemente de sua proveniência, dotou seus relatos de uma força reveladora de suas próprios discriminações: “Mais para o sul não há civilização propriamente dita. Os homens que ali vivem assemelham-se mais aos animais do que aos seres pensantes. Vivem no mato e em cavernas e se alimentam de ervas e grãos crus [...] e não devem ser contados entre os seres humanos” (apud, SILVA, 2012, p. 58-59).


A imagem abaixo revela de forma dramática como um olhar discriminatório pode influir de forma severa na apreensão de uma cultura que é apenas diferente na nossa. Lembremos que, embora Khaldun tenha dito que os africanos que ele viu não devem ser contados entre os seres humanos, animal não reza.

 

Figura 3: Anônimo. Praying Figure, escultura em cerâmica, terracota, séculos 12-14, Civilização do Médio Níger. Mali - África. Fonte: website do Metropolitan Museum of Art - Nova York. Acesso em: 19 ago. 2022.

 

Embora seja comum imaginar que a Idade Média seja um intervalo, um tempo médio entre a Antiguidade e a Modernidade, milênios sobre os quais ocorreu o império da servidão e o detrimento da escravidão, alguns historiadores já desmistificaram essa ideia. Mesmo na Europa medieval, a escravidão e o tráfico de seres humanos nunca cessaram, inclusive, com a busca de cativos na África subsaariana.


No continente europeu, os grandes responsáveis pelo tráfico de seres humanos foram os italianos, especialmente, os mercadores de Florença e de Veneza. Durante toda a Idade Média, os italianos receberam e venderam escravos que foram capturados pelos seus “fornecedores” na África e na Ásia. Segundo o historiador norte-americano David Brion Davis (1927-2019): “O comércio de escravos ocorreu sem interrupção desde a Antiguidade. Os mercadores italianos abasteceram de escravos mercados como os de Kiev, Córdoba, Bagdá, Síria, Egito”. (DAVIS, 2001, p. 59-62).


Davis ressalta que, na Europa, os principais receptores de escravos foram os ibéricos (Espanha e Portugal), sendo a própria Itália outra região onde os escravos de diversas proveniências abundavam. Com a chegada dos portugueses no litoral africano, nos anos finais do século XV, os italianos perderam grande parte de sua hegemonia no comércio de seres humanos escravizados: “Outro motivo para a decadência desse comércio na Itália do século 16 foram as dificuldades impostas pelos turcos otomanos para o traslado entre Ocidente e Oriente por terra e por mar” (DAVIS, 2001, p. 59-62).


“Aqui é o paraíso terreal”, afirmou o capitão português Francisco de Lemos Coelho, que visitou Serra Leoa no século XVII (apud, SILVA, 2012, p. 236). Os franceses, por sua vez, também frequentaram a África desde, pelo menos, meados do século 17 - o que atesta o francês Jean Barbot, negociante de escravos nas costas da África Central, entre 1681 e 1682 (apud, SILVA, 2012, p. 236/261).


Voltaire, ao dissertar sobre a escravidão e o tráfico, foi taxativo: “Tanto entre os africanos muçulmanos quanto entre os europeus cristãos, o costume de pilhar e de escravizar tudo que se encontra sobre o mar subsistiu sempre. Verdadeiras aves de rapina que se atiram uns sobre os outros" (VOLTAIRE, 2002, p. 186).


Alheio aos ataques frequentes de Voltaire contra tudo e todos, mas, de certa forma, concordando com ele pelo fato de que também tinha ojeriza à opressão, Rousseau, destacou as potencialidades sensoriais dos habitantes da América e da África, submisso a um olhar menos preconceituoso e mais propenso a aceitar a diversidade:


Ele terá o tato e o paladar de uma rudeza extrema; a visão, a audição e o olfato da maior sutileza. Esse é o estado animal em geral e é, de acordo com o relato dos viajantes, o da maioria dos povos selvagens. Assim, não deve causar espanto que os hotentotes do cabo da Boa Esperança descobriam, a vista desarmada, naus em alto-mar de tão longe quanto os holandeses com suas lunetas, nem que os selvagens da América sentissem o cheiro dos espanhóis ao segui-los (ROUSSEAU, 2017, p. 45).

 

Rousseau (2017, p. 91) foi além ao afirmar que o “homem bárbaro” - nomeado por ele dessa forma, talvez pela falta de outra conotação para dar aos homens que viviam estreitamente ligados à natureza - “prefere a mais tempestuosa liberdade a uma sujeição tranquila”.

 

Considerações finais

 

Em todos os lugares que receberam escravos negros da África, o resultado foi o estigma disseminado, aquele do negro ser escravo; do negro, um dia, ter sido escravo. Estigmatização que causa alvoroços sociopolíticos até os dias de hoje, a ponto de nem a nação mais pragmática do mundo, a norte-americana, conseguir lidar com essas questões (FINLEY, 1982, p. 10/125).


Bem que Silva nos alertou que este continente “continua a magoar-se com muitos dos estereótipos que sobre ele, ao longo dos séculos, se acumularam” (2012, p. 16). África, terra tão conhecida e tão pouco compreendida!


Entre 1790 e 1830, o tráfico de escravos capturados na África subsaariana com destino ao Magrebe movimentava em torno de catorze mil escravos por ano, sendo o segundo maior do mundo (ALENCASTRO, 2000, p. 78). Nesse mesmo período - que coincide com o período de funcionamento do mercado de escravos do Valongo - o maior importador de escravos do mundo permaneceu sendo a cidade do Rio Janeiro (HONORATO, 2008, p. 62).

 

Fontes

 

ARAGO, Jacques. In: FRANÇA, Jean Marcel de Carvalho (org.). Franceses no Brasil. Cartas e relatos (1817-1828). Jacques Arago, Jean-Baptiste Douville e Victor Jacquemont. São Paulo: Chão Editora, 2021, p. 8-77.

BÍBLIA de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2013.

DEBRET, Jean-Baptiste. Viagem pitoresca e histórica ao Brasil. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2016, p. 208.

LOCKE, John. Segundo Tratado sobre o Governo. São Paulo: Martin Claret, 2011.

MONTAIGNE, Michel de. Des cannibales. Paris: Gallimard, 2008.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. A origem da desigualdade entre os homens. São Paulo: Penguin & Companhia das Letras, 2017.

SILVA, Alberto da Costa e. Imagens da África. São Paulo: Penguin, 2012.

TAUNAY, Carlos Augusto. Manual do agricultor brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

VOLTAIRE. Dicionário Filosófico. São Paulo: Martin Claret, 2002.

 

Referências

 

ALENCASTRO, Luiz Felipe. O trato dos viventes: formação do Brasil no Atlântico sul. São Paulo: Companhia das letras, 2000.

BRAUDEL, Fernand As estruturas do cotidiano: civilização material, economia e capitalismo (séculos XV-XVIII). São Paulo: Martins Fontes, 1997.

BULFINCH, Thomas. O livro de ouro da mitologia: história de deuses e heróis. Rio de Janeiro: Harper Collins, 2018.

COSTA, Ricardo. A expansão árabe na África e os Impérios Negros de Gana, Mali e Songai (sécs. VII-XVI). In: NISHIKAWA, Taise Ferreira da Conceição. História Medieval: História II. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009, p. 35. Acesso em: 12 jul. 2021.

CRIBELLI, Teresa. O império das palmeiras. In: MARTINS, Ana Cecilia Impellizieri; SOCHACZEWSKI, Monique. As descobertas do Brasil. Rio de Janeiro: Casa das Palavras, 2014, p. 77.

DANTAS, Bárbara. The thought of Thomas Hobbes and John Locke in Jean-Jacques Rousseau's Second Discourse. In: DANTAS, Bárbara; BARBOSA, Rodrigo Cesar. Legal Science Series: themes and crisis. E-BOOK 2. Legal System and Crisis. Vila Velha-ES: Balsamum, 2019, p. 117-127. Acesso em: 10 mai. 2022.

DANTAS, Bárbara. (Resenha ampliada) DURANT, Will. César e Cristo. A História da Civilização. Vol. III. Rio de Janeiro: Editora Record, 1971. GABY, André (org.). Mirabilia Journal 33, A Música na Antiguidade, Idade Média e Renascimento, 2021, p. 704-745. Acesso em: 28 abr. 2022.

ELIAS, Norbert. A Sociedade de corte: investigação sobre a sociologia da realeza e da aristocracia de corte. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.

FINLEY, Moses. Esclavitud antigua e ideologia moderna. Barcelona: Editorial Crítica, 1982.

FLORENTINO, Manolo. Em costas negras: uma história do tráfico de escravos entre a África e o Rio de Janeiro. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

______. Tráfico, cativeiro e liberdade: Rio de Janeiro, séculos XVII-XIX. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 2005.

FRANCO, Afonso Arinos de Melo. O índio brasileiro e a Revolução Francesa: as origens brasileiras da teoria da bondade natural. Rio de Janeiro: Topbooks, 2000.

GINZBURG, Carlo. O fio e os rastros: verdadeiro, falso, fictício. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

GUANZINI, Isabella. Ideas of freedom: a Historic-Philosophical Journey through na ambivalent experience. Limina, Grazer Theologische Perspektiven, ano 2, v. 2, Universidade de Gras - Áustria, 2019, p. 58-84. Acesso em: 17 mar. 2021.

HONORATO, Cláudio de Paula. Valongo: mercado de escravos do Rio de Janeiro (1758-1831). 2008. 166 f. Dissertação (Mestrado em História) - Programa de Pós-graduação em História, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia da Universidade Federal Fluminense, Niterói - Rio de Janeiro, 2008

KOLLERITZ, Fernando. Testemunho, juízo político e história. In: Revista Brasileira de História, ano 24, n. 48, 2004. Acesso em 17 jan. 2022.

LEPETIT, Bernard. Sobre a escala na História. In: REVEL, Jacques. Jogos de escalas. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1998, p. 77-102.

LEON, Vicki. Meu chefe é um senhor de escravos. São Paulo: Globo, 2007.

MARQUESE, Rafael de Bivar. Introdução. In: TAUNAY, Carlos Augusto. Manual do agricultor brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2001, p. 7-26.

MATTOSO, Katia M. de Queirós. Ser escravo no Brasil (séculos XVI-XIX). Petrópolis-RJ: Vozes, 2016.

ROCHA, Antonio Penalves. Um documento antiescravista do primeiro terço do século XIX. Revista de História da Universidade de São Paulo, n. 137, São Paulo, 1997, p. 124. Acesso em: 30 jun. 2022.

RODRIGUES, Felipe Fanuel Xavier. O fio da história e os rastros literários. In: Estudos de Religião, ano XXII, n. 34, jan/jun. 2008, p. 262-268. Acesso em: 16 mai. 2022.

SILVA, Alberto da Costa e. Imagens da África. São Paulo: Penguin, 2012.

 

..........................................

 

[1] Graduada em História, Mestre em Artes e Doutora em História, todos pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). O presente trabalho teve apoio do CNPq/2023. Atualmente, é historiadora e professora de História da Arte (DTAM-UFES), além de exercer atividades de editoração na Balsamum Editora e como coordenadora das Ações Educativas do Centro de interpretação da Aldeia de Reis Magos, em Nova Almeida. Website: www.barbaradantas.com. E-mail: barbara.dantas.hist@gmail.com.  ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9835-862X.

[2] Perseu, “virando o rosto a cabeça da górgona [medusa]. O corpo enorme de Atlas transformou-se em pedra. Sua barba e seus cabelos tornaram-se florestas; os braços e ombros, rochedos; a cabeça, um cume; e os ossos, as rochas. Cada parte aumentou de volume até se tornar uma montanha e (assim quiseram os deuses) o céu, com todas as suas estrelas, se apoiando em seus ombros.” (BULFINCH, 2018, p. 128).

Posts recentes

Ver tudo

1 Comment


Amilcar Junior
Amilcar Junior
Dec 29, 2024

Excelente texto, bem profissional e com muito volume de informação.

Like
bottom of page